Realidade.
É de noite, ainda!...
O vento sopra, fustiga, é frio e desconfortável,
deambulo p´la cidade, apenas os cachorros,
magros, procuram alguma comida nos recipientes de lixo.
Sem rumo desço a calçada, vejo um rosto afável,
esfarrapado magro e sem rumo, àquela hora, com dois gorros
lutando contra a gélida aragem da madrugada, o fixo,
trémulo levanta uns atrás de outros
os caixotes na esperança de comer algum resto,
me sinto mal.
Acabei de ingerir uma suculenta refeição,
meu frigorifico nada falta, para o que presto,
então?... é a sociedade? não,
sou eu... e tu! que faremos a diferença,
somos nós, que temos que abrir os horizontes.
Embora, sei, que nada é no universo da crença
de minimizar esta dor...pois tal,
é uma pária do meu verso, hoje, subo e desço
planícies e montes,
com o intuito de riqueza, mais e mais,
e este? estes, e outros, muitos, demasiados,
serão a negação de uma evolução, os tais.
Os renegados de uma crença de prosperidade, coitados,
sem eira nem beira, agora,... o abordo, na ânsia de minimizar
a minha culpa, afinal que sou eu?
Se algo correr mal que garantia tenho, de amanhã
não ter o mesmo destino, mitigando.
Com uma lágrima o abordo, com uma vontade de o abraçar,
na esquina abriu o primeiro tasco, o convido
com serenidade lhe pergunto; o que comeu?
Me responde; Quando ontem ou antes, não lembro.
Meu coração fica ferido...
sentamos e o taberneiro, questiona; Branco ou tinto?.
Comida... feijão ovos e Beacon, e pão quente e fumegante.
Ali perto uma associação de bem estar, o sol raia, lho entrego,
peço que o transforme, tiro o dia e me embrenho neste projeto,
no fim, procuro uma loja e compro o que precisa, volto, ofegante,
e vejo outro homem, até bonito, sem barba e cabelo arranjados.
Depois de uma longa conversa...afinal é um bom contabilista
a vida lhe fora adversa, o instalo,
e lhe dou a possibilidade de analisar uma enorme lista
de devedores de uma das minhas empresas.
Ao cabo de semanas recupero os negativos,
e encontrei um amigo, fiel, tudo vai fazendo sem pressas,
mas astuto e grato, me dá um dia um abraço
com orgulho, e postura imperativos.
...afinal, somos uma sociedade, será ??