Ao pequeno Marcos
Olá, como vai?
Escrevo-te no intento de explicar a confusão toda que gerou nossa última conversa. Já adianto que não é fácil falar com você.
Quando criança todas as repostas estão disponíveis e tudo gera encantamento.
Cada caminho novo induz a um momento mágico e indelével.
Mas a infância é uma manhã de sol que passa rápido. Hoje vivo na chamada meia-idade. Sou um ser cheio de dúvidas e as respostas me causam desapontamentos.
Eu sei que você anda desapontado comigo. Não é fácil ter visto o que me tornei e quão o mundo anda doente.
Procure entender que hoje sinto falta de muita gente. Pessoas que como você, vivem no meu passado.
A aridez do meu peito é uma proteção que tento fortalecer. Sei que isso não faz sentido pra você
Eu procurei fazer da melhor forma
Minha norma sempre orbitou sua concepção. Entretanto, não contive o espanto. Muito do que nutrimos no peito morre no mundo de inanição.
Essa é uma dura lição que terás que aprender.
Perdoe-me por não ser o herói que você sonhava.
Perdão por ter feito algumas escolhas que não condizem com a nossa alma.
A realidade impôs uma travessia estéril no caminho.
Ainda lembro dos nossos sonhos, recordo com saudade o rancho dos nossos Avós.
O nó na garganta sempre acontece... Vivemos com um certo grau de conformidade e Ilusão.
Fiz o que pude! Espero que tudo mude!
Você sempre estará no meu peito, uma bússola, um firmamento.
Essas breves linhas formam um libelo aberto e franco que tem como endereço seu entendimento. É uma espécie de um relatório.
Sei que você é uma criança da década de 1990 e por isso não vai entender o retroceder que agora vigora.
Tenho fé que um dia as praças voltrm a ter sorrisos e simplicidade.
Um dia brincaremos novamente, transformando qualquer quintal numa verdadeira cidade
Foi bom esclarecer o contexto
Espero que entenda o meu novo endereço
Até mais ver.