Resposta para ela (Sobre o poema No íntimo)
Sobradinho, 20 de novembro de 2024
Minha querida,
Eu li suas palavras, e confesso: elas me atravessaram como o silêncio daquela noite que ainda carrego comigo. Não sei se posso dar uma resposta à altura, mas sinto que preciso tentar, pois o que você escreveu merece ser acolhido, não ignorado.
Lembro de cada detalhe, como você sabe. O lenço, a madrugada, os gestos tímidos. Talvez porque essas memórias sejam mais vivas do que eu mesmo. Mas também lembro da minha hesitação, da inexperiência que você mencionou e que, no fundo, também me perdoei apenas em parte. O que nos faltou foi coragem... ou talvez, tempo.
Se te neguei um dia, não foi por falta de vontade, mas por medo de falhar em algo que parecia tão grande. Eu era pequeno diante de você, diante do que sentia. E sim, tomamos rumos diferentes. Mas o amor — seja ele vivido ou apenas sonhado — nunca deixa de existir; ele muda, se transforma, mas continua habitando o peito, mesmo quando fingimos que não.
Saber que você também carrega essas memórias me conforta, ainda que traga uma tristeza doce. Não somos os mesmos, e talvez nunca seremos. Mas o que ficou entre nós é algo que o tempo não apaga, não importa o quanto ele passe.
Talvez, um dia, essas palavras cheguem até você como um abraço que não demos, como um beijo que nunca aconteceu. Se hoje escrevo, é porque sei que, às vezes, tarde demais pode ser um peso que não quero carregar.
Que o caos em tua mente, assim como o meu, um dia encontre a paz que tanto buscamos.
Com afeto e amor,
Leonardo