CONSCIÊNCIA NEGRA - POESIA DE ACQUACURY DE RATANABÁ
Na negra eu vejo uma branca,
Na branca eu vejo uma escura,
Uma que me encanta com sua ternura,
A outra que com seu jeito me espanta;
Refiro a negra de alma tão santa,
E a branca que me esconjura,
Uma me trata com tanta doçura,
A outra com sua língua me espanca;
Mas se a negra provoca a branca,
E a branca não faz cara dura,
A primeira deixou de ser pura,
A segunda passou a ser santa;
A cor não define a qualidade,
Ser ou deixar de ser boa,
Depende de cada pessoa,
Depende da integridade;
Os negros têm a sua cultura,
Os brancos têm a sua também,
Cada qual preserve o que tem,
Mantendo-se sua postura;
Que os negros considerem aos brancos,
Que os brancos não desprezem aos negros,
É melhor que vivam em sossego,
Não aos trancos e barrancos.
AcquaCury de Ratanabá