cansaço
Lucas,
Aconteceu novamente. Aquela repentina falta de ar, o quarto girando, o cobertor sem conseguir me proteger de mim mesmo. Eu senti o ar saindo de meus pulmões.
Desculpa estar te mandando isso no meio da noite, mas senti que precisava te escrever. Por que isso me acalma tanto?
Queria ter começado essa carta com um “como você está?”, mas o medo de esquecer as sensações recentes não me deixou. Mas não é como se eu conseguisse esquecer.
Acordei ansioso no meio da noite, tudo girava, meu mundo girava. Me pergunto se você, do outro lado da cidade, estava parado?
Como posso sentir tanto a sua falta, se nunca ainda te tive? Não espero respostas e nem acolhimento, mas, por favor, deixe-me escrever sempre que eu acordar assustado, por favor.
Estou cansado, Lucas.
Acho que preciso ir dormir.
Tentar.
Logo o sol aparece, e com ele, os meus terrores da manhã.
Esperando não ser muito mal educado, me diga, como você está? Tão novo e tão cansado como eu?