O Silêncio após a partida
Ele se foi, e o silêncio que restou foi mais que uma ausência. Foi a confirmação do que sempre soubemos: estamos sós. Naquele momento, quando seus passos ecoaram pela última vez, eu senti a inevitabilidade do fim, a presença implacável do vazio. O tempo, antes marcado pelo ritmo apressado de nossas conversas e encontros, agora se estica, tornando-se um fardo. Cada segundo se arrasta, como se quisesse me lembrar que o absurdo governa tudo.
O céu, com sua vastidão cinza, não reflete minha dor, mas a ignora. O universo, indiferente, segue girando, enquanto aqui, preso ao eco da partida, percebo que, no fundo, não havia nada a segurar. Porque ele, como tudo, nunca me pertenceu. A ideia de posse é uma ilusão. O coração, tolo e insubmisso, ainda bate, teimando em sentir, como se o amor pudesse ter algum significado. Mas o mundo não oferece respostas para essas angústias. Apenas o silêncio.
As lágrimas que deslizam pelos meus olhos são a prova de uma revolta contra o inevitável. No entanto, sei que o destino é sempre este: deixar ir. Tudo o que nasce está destinado a desaparecer. E nós, humanos, carregamos em nós essa maldição de buscar sentido onde não há. Ele se foi, e o único grito que resta é o de minha própria consciência, que me lembra que, mesmo na perda, há liberdade. Mas liberdade a que custo?