Essa inquietação que me atravessa, essa busca silenciosa por sentido, é como uma melodia que ressoa apenas dentro de mim, sem que ninguém pareça notar. Sou um turíbulo vazio de respostas absolutas, um caminhar que se desenrola em ruas desertas, ecoando perguntas que não encontram ouvidos atentos. E, mesmo assim, eu persisto, com olhos que vagam por horizontes que outros não veem, com suspiros que, ao invés de incenso, carregam beijos não dados, canções não ouvidas.
A verdade é que, no caos do mundo, em meio à multidão de vidas que se entrelaçam e se desfazem, a beleza que procuro pode ser apenas minha. Talvez não esteja escrita em grandes tomos de sabedoria, mas nas pequenas pausas que o coração toma para respirar, nas interseções de silêncio e sentimento que eu mesma me faço.
E quem se importa? Talvez não haja um coro de vozes que ecoe minhas questões, mas quem disse que isso importa? A vida, no seu íntimo, não pede aplausos ou grandes plateias. Ela só pede que eu continue cantando, mesmo que o público seja uma alma solitária. A alma, por vezes, precisa apenas escutar a si mesma para se entender. E a minha se ouve, se entende e se compreende.
Então, se o caminhar for silente e triste, que assim seja. Mas que esse silêncio carregue a força do meu ser, e que a tristeza seja apenas uma fase do caminho, uma rua estreita que me leve para um lugar mais profundo, mais verdadeiro. Porque, afinal, na solidão, no vazio, é onde o murmúrio mais sutil pode ser ouvido: o da minha própria essência, que nunca parou de falar do profundo amor que lhe toma o cerne, mesmo que quem deveria, até agora, não me tenha escutado...