Carta de Despedida
A última vez que lhe vi, vocês estava bonito, arrumado e perfumado. Meu olfato não é o dos mais atentos. Mas, o seu esmero chamava atenção. Tivemos uma discussão acalorada, pois interrompi um encontro para socorrer minha mãe que ligou para meu celular. Pedi desculpas. E, fui correndo socorrer minha mãe. Você irritado vociferou: - uma pessoa tão madura e inteligente quanto você, ainda tão apegada à mãe. Eu ri... como a Mona Lisa de Leonardo Da Vinci e, sai... as pressas. Minha mãe teria caído no banheiro por conta de um escorregão.
Saí e peguei um táxi e fui correndo até a casa. Lá encontrei minha mãe esparramada no chão... Levantei-a, e fiquei a procurar ferimentos. Havia somente um hematoma no joelho. Respirei fundo. Coloquei-a na cama. E, fui tomar um café... precisava de algo quente para acordar-me da madorna afetiva que sentia... ainda bem que existe a química... a matemática, as ciências exatas e, todas as demais ciências que reverberam pelo caminho a nos oferecer tantas opções. Nem sempre temos tempo suficiente para sopesar e ,optar pela a mais adequadamente que possível.
Escolhemos caminhos errados. Tropeçamos. Caímos... e, o pior, apesar do aprendizado, nada pode garantir que não haverá novos tombos. Chegou minha irmã... olhou para mim, e perguntou: Você não tinha um compromisso social? O que faz aqui? Vim socorrer a mãe da queda banheiro. Mas, ela não tem nada grave de ferida. Questionamos a pobre senhora sobre a queda... e, ela só se lembrava do escorregão.
Levamos a mãe ao médico. Mediu-se pressão, glicose e, etc. Tudo normal. Exceto a queda. E, então, o médico olhou-me com atenção e, disse: é preciso que você se acalme. Foi uma coisa trivial e o desfecho não foi grave. Vc tem um quê para o trágico, né ?
Novamente, incorporei a Mona Lisa... e disse não... com ar blasè de quem conta as penas de um pavão... No dia seguinte, vc me ligava incessantemente. Pediu desculpas, perdão, mandou flores, bombons... e, até poema de amor. Eu lia tudo com a inclinação gástrica para vomitar. Guardei o silêncio. E, só dois dias depois liguei, informando que nossa relação amorosa e não afetiva acabara... Era um apocalipse esperado. Somos muito diferentes.
Enxergamos o mundo por óticas diversas... e, por vezes, não seguir sua cartilha de entendimento era um pecado fatal. Pedi desculpas da forma nervosa que o abandonei, justifiquei a emergência. E, falei que de fato sou muito ligada a mamãe...e, não vejo infantilidade nisso e, nem inferioridade. E, por isso, diante da reprimenda feita e as palavras insanas, só me restava desejar que você fosse feliz, com alguém melhor que eu... Adeus. Au revoir. Verabschiedung. Enfim, seja feliz.