De todos os tons

Quanta audácia da minha parte, eu com mais um “euphémein”...

Fugindo do comum, ainda que tenha me perdido em palavras gregas, e com tantos eufemismos, me disponho com entusiasmo, rodeado por hipócritas, sendo apenas mais um, perdido entre tantos, enquanto poucos, se é que algum, me percebem. Saio pela tangente, desapercebido, notado apenas pelo galanteio inusitado e sempre correspondido, sendo eu o correspondente sem um remetente claro, sem um destino definido, mas ainda assim, objetivado.

Eu, para mim mesmo, com você, sendo de outro alguém, sequer as quero, sequer as tenho, sequer me querem. Mesmo que me queiram, fui objetivado há décadas, quase no século passado, ainda que objetivado no século anterior.

Um Don, um Sr., um Mestre, o dom de um Don é, para muitos, um Dom, com a sado e com tantos tons...

Descrever situações não é algo que me caiba, descrever lembranças que não podem ser ousadas...

De todos os tons, me perco em peculiaridades, sempre um ser incomum, com meus dons, um gentleman informal, natural, indo de encontro como o Sr. Cavalheiro, não havendo hora, nem lugar para ser educado, nem hora nem lugar para ser anfitrião, mas sim a qualquer momento, sempre que sentir. Este dom não privilegia apenas mulheres, mas o bom Gentil mede as pessoas ao seu redor, a todos, e para todos são concedidos dons.

Ah, floreando esse texto para não falar de tons, todos os tons que detesto, todos os que me repulsam. Repudio o que não é um dom, mas uma maldição. Repudio a traição, a mentira em geral. E, ainda assim, como um hipócrita, cito algo que de fato não me cabe. Trair não me cabe, ainda que eu minta, ainda que eu não me dedique. Não tenho o dom do adultério. O porquê falar de tantos tons e dons?

Em resposta à apologia de ter mais de uma, repudio a ideia de possuir mais de uma. Li um texto que sequer merece atenção, quanto menos divulgação, onde se compartilha a traição e, ao ser desmascarado, o mesmo coloca a atual, sendo a traída, em competição com a possível amante. E o mesmo coloca obrigações e tarefas, ambas com suas casas, que ele não mantém. Ambas devem recepcioná-lo e ser tudo o que ele quer, desde fetiches até a recepção de uma mulher dedicada.

Todos os tons, não me cabe julgar. Tenho o dom de desamar. Não me cabe sequer comentar, ainda que queira falar, queira julgar. Não tenho o poder, e me vejo com um possível saber menos do que pareço. Aparento saber um tanto mais sobre tudo isso, mas está repleto de um enorme vazio. Encher um espaço vazio com nada é algo difícil, e então...

O que você faz?

O que te permite parecer um julgamento, sendo você alguém disposto a ser julgado?

O que eu faço?

Julgo textos e comemorações que propagam questões inadequadas. Ainda como um possível hipócrita, questionador de tantas falhas, muitas delas inadequadas, em sentidos pejorativos, contra princípios...

Alguns tons...

Alguns tons me deixam tão bem que me sinto mal.

De todos os tons, tudo o que quero ver são os tons da íris dos seus olhos, os tons da sua pele, os tons da sua voz...

Alguns tons me perturbam, logo eu, mais um hipócrita, logo eu, um Sir, um knight.

É, este texto se perde em tantas confusões arbitrárias que me impedem de dar um rumo. São tantos os tons, que não há foco, não sei o que dizer, nem a quem dizer, como falar. Mesmo que o tom vermelho me venha à mente, mesmo que os tons de preto se assemelhem com minhas questões, não é sobre tons de cinza que quero falar.

Mas talvez os tons de verde venham a me acalmar, pois é a cor primária da esperança. Estes tons, tons de vermelho, tons de ver, são talvez verdes por simbolizarem esperança, perseverança, calma, vigor e juventude. Já o vermelho ativa, estimula, significa elegância, paixão, conquista, requinte e liderança.

Os tons de preto, cores que sempre estão nas minhas escolhas, ainda que fúnebres, pois também simbolizam tristeza e ausência de luz, sendo adotados em funerais e rituais fúnebres. Influenciam até normas cristãs de vestimenta em períodos de luto. Ainda assim, o preto e seus tons simbolizam força, elegância, poder e mistério, comunicando modernidade, inovação, tradição e sofisticação. Meus tons, os tons que me dão um norte.