Cartinha para Roxana

O Cupido nem sempre lança flechas. Um dia ele jogou uma casca de banana bem no meu caminho, eu desprevenido e distraído pisei e levei um daqueles tombos triunfantes que fazem a plateia toda gargalhar. E assim, de forma Inevitável, eu estava irremediavelmente apaixonado.

Uma das consequências dessa deliciosa patologia era a minha ansiedade e confusão dos meus sentidos, (é impressionante a confusão mental que esse mito causa em nós). Essa ansiedade gerava em mim um certo exagero que causaria um certo desconforto na pessoa que era objeto do meu amor. Oras, jogado aos seus pés eu sou mesmo exagerado.

Rox se preocupava e estabelecia limites, e ainda assim dedicava uma amizade sem precedentes no vasto deserto vazio da minha. Um dia ela me disse:

"Enquanto você tiver consciência de que não te faz mal, se sentir bem sendo dessa maneira e aceitar o que eu tenho pra oferecer, a gente vai seguindo."

Seguimos. Para onde? O destino é que menos importa neste momento, o processo de seguir já se basta por ele mesmo.

Talvez ela não percebesse que aquilo que ela "tinha para oferecer" era a maior riqueza da qual eu poderia desfrutar. Meu coração transbordava de amor e carinho e esse transbordamento era a magia que fazia minha alma flutuar.

O meu dia era adocicado com nossas diversas interações, que até podiam irritá-la de vez em quando e ela me repreendia com a sinceridade e a justiça de quem só desejava o meu bem, levando-me a reconsiderar minhas palavras inadvertidas. Meu amor e senso de gratidão se tornavam ainda maiores.

Outras interações, que por consequências de meu exagero preocupante, podiam resultar em preciosidades que eram mais do que poções mágicas, eram capazes de suavizar as dores da alma.

Uma dessas poções mágicas que ganhei, foi um áudio que recebi depois de um texto de 7 parágrafos que dedique a beleza daquela amizade que cultivamos. (AQUI PUBLICADO COMO A ÚLTIMA CARTA DO ÚLTIMO ROMÂNTICO) Das raríssimas declarações de amor que recebi em toda minha vida nunca houve algo parecido com aquilo. No áudio ela falava com uma entonação de voz e com uma emoção tão cativante que um simples "obrigada por compartilhar " significava muito mais que qualquer "Eu te amo!" que meus ouvidos pudessem ter ouvido.

Esse áudio eu guardarei para todo o sempre, e quando eu estiver me sentindo muito mal, ouvirei-o com carinho, como único remédio para as dores da alma (o Remédio Rox, com essência musical, usarei sem moderação). E ouvirei também, se a saudade bater a porta. Ouvirei por qualquer motivo, ouvirei porque, dos diversos significados que o amor possa ter, esse é o que mais alegrou o meu espírito. Ouvirei porque essa é forma mais bonita de fazer meu coração transbordar de alegria. Obrigado por compartilhar.

Com amor, do seu amigo imperfeito.