Quarto
Toquei a camada de ozônio que rompeu meu habitat.
Quatro paredes, um quarto úmido, palavras sem paladar.
Empilhei ao lado da cama toda a inconstância de meu ser e todo o suco de meus sonhos intranqüilos
O que há de estranho nas minhas nuas palavras?
Tentei vesti-las. Por deus, tentei! Mas continuam nuas, dispostas contra a parede, tentando encostar os cabides...
Tentando tomar um sentido. Elas saem de mim.
Sentir-se-iam melhor com um vestido, um paletó? Elas preenchem meu quarto e fecho a janela para não as perder. Palavras e letras nuas e aquelas poucas que eram suas, caíram no vão de mim, enrolaram-se nas roupas sujas e perderam o tom.