Quarto

Toquei a camada de ozônio que rompeu meu habitat.

Quatro paredes, um quarto úmido, palavras sem paladar.

Empilhei ao lado da cama toda a inconstância de meu ser e todo o suco de meus sonhos intranqüilos

O que há de estranho nas minhas nuas palavras?

Tentei vesti-las. Por deus, tentei! Mas continuam nuas, dispostas contra a parede, tentando encostar os cabides...

Tentando tomar um sentido. Elas saem de mim.

Sentir-se-iam melhor com um vestido, um paletó? Elas preenchem meu quarto e fecho a janela para não as perder. Palavras e letras nuas e aquelas poucas que eram suas, caíram no vão de mim, enrolaram-se nas roupas sujas e perderam o tom.

Laís Mussarra
Enviado por Laís Mussarra em 14/01/2008
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