Na morada
Quem nunca sonhou com uma casa num campo? Espaço amplo, jardim planejado, que se camufla com a natureza. Um balanço para passar as horas, observar as variadas cores na natureza. Algumas plantas de folhas bonitas e flores coloridas para lembrar que é primavera. Juntar memórias agradáveis, mesmo que sejam após uma tragédia, pois, o lugar é tão bom que a gravidade perde parte do seu efeito. Mas para adquirir tal bem, deixa-se de lado o processo da conquista, não?!
E não basta ser só uma lugar especial, não pode ser algo que se encontre dobrando algumas esquinas, tem que ser aquele imaginado ao longo dos anos, que sofre diversas reformas, como se fosse um sonho, em que se experimenta o próximo para comparar se realmente agrada ou deve ser mudado. Às vezes, de tão ideal, até se questiona se realmente não passa de fruto da imaginação impossível, que a cada jura de oportunidade fracassada, percebe-se a real dificuldade de aquisição.
Por mais que tudo cresça e evolua de forma natural, sem algum tipo de intervenção, será que o que se sobressairá estará de agrado? Fará de umas árvores seu teto? E as folhas de urtiga sua coberta? Quando chover, as gotas que derramarem sobre as folhas não lhe incomodarão? E as criaturas que se escondem entrem as folhagens, não te assustarão? Ou virará as costas quando ver que alguns espaços precisam de trabalho braçal e outros de irrigação?! Farzer-se-á de desentendido mesmo que compres tudo pronto e não lhe couber conforto, pois tirara de outro a tal morada por achar que somente de grama verde vive o homem? E nem atrevo aprofundar-me sobre as manutenções diárias, semanais e mensais. Tão pouco relembrar que sem os devidos cuidados, um dia ruirá.
Se imaginar e sonhar com o aconchego já é um tanto complicado, imagine realizar. Porém, se já é deveras agradável se imaginar em tal conforto e se sentir abraçado, acolhido e realizado, por que fazes tão pouco esforço? Não creio que queiras se fazer de desabrigado, na morada é o que lhe falta.