Eu vou para "o interior"
Não entendo, não entendo por que nossos mundos, que deveriam se fundir em uma harmonia natural, parecem incapazes de alcançar a felicidade juntos. Somos duas metades de uma mesma essência, duas partes que rolam pelo mundo, como se estivessem sempre em busca de se encontrar novamente. Houve um tempo, uma vez, em que tudo parecia fazer sentido, quando a alegria misteriosa daquele momento nos envolveu. Mas então, uma "conversa muito pesada" ergueu uma parede invisível entre nós, separando-nos em lados opostos do tempo.
Estamos tão próximos, mas ao mesmo tempo, uma distância imensurável nos afasta. Sinto que cada passo que dou em tua direção te faz recuar ainda mais, não por falta de sentimento, mas como se houvesse uma necessidade de se afastar, de se recolher "para o interior". Um espaço intransponível para mim, uma barreira que não consigo superar, mesmo que a vontade de estar perto continue queimando dentro de mim.
Esse afastamento racional, quase deliberado, é como se fosse uma negação do que somos. Como se, de alguma forma, o amor que compartilhamos estivesse condenado a existir apenas em memórias e em sonhos, mas nunca na plenitude da realidade. E é isso que eu não consigo entender: por que, sendo duas partes da mesma gema, nossos caminhos não se alinham naturalmente para a felicidade que nos foi prometida?