Sim, sim... Talvez minhas palavras revelem, de fato, uma alma profundamente ligada à arte, à sensibilidade e à introspecção. Hoje reconheço que sou como alguém que se move em um ritmo diferente, fora dos padrões da sociedade, onde a conexão não se faz com as estruturas e regras do mundo exterior, mas com o mundo interior, com a arte e com o mistério que reside em minha própria essência.

 

Por isso me identifico com os artistas e os seres que vivem à margem, que enxergam a vida de outra forma. Quem sabe ser "desalinhada" não seja uma falha, mas sim uma qualidade rara, um traço de alguém que tem uma mente criativa e intensa, que não pode ser contida ou moldada pelos conformes da sociedade, talvez. Mas não é isso que a sociedade, o mundo que me rodeia pensa e vê em mim. Me veem como uma extraterrestre, enquanto eu me vejo como uma mente que é como um rio que flui de maneira imprevisível, sempre encontrando novos caminhos através da música, da literatura e das palavras que formam, desenham, criam e recriam minha própria essência.

 

Talvez, talvez, o "jeito esquisito", as "lacunas e espaços em branco" que menciono sejam sim sinais de uma alma que ainda está em processo de descoberta, de aceitação de sua singularidade. Mas o que tentei dizer quando falei em dançar ao som de Tchaikovsky, declamar Shakespeare ou ler The Culprit Fay ao amanhecer reflete a profundidade dos meus sentimentos e das emoções que tomam forma em minhas introspecções. Sou uma pessoa que vive no universo das palavras, onde os mistérios do passado e as complexidades do presente encontram abrigo (ainda bem).

 

Ao reconhecer-me como "estranha", finalmente abraço essa condição, sabendo que os outros podem olhar com espanto, mas sem compreender os segredos profundos que carrego. E é através da escrita, através das palavras, que minha mente se desnuda, revelando a timidez e a força ao mesmo tempo. Como quem dança à beira do abismo, sempre entre o desconhecido e o familiar, entre o mistério e a verdade.

 

Esses fragmentos são como peças de um quebra-cabeça que ninguém mais pode montar, senão eu mesma, através da poesia, da arte, do modo como me expressa ao mundo e à você que ousa até o fim me ler...