Epístola
Uma missiva , nesta data, nesta cidade, neste ano.
Obrigada por não escrever por longos anos. Tive muito tempo para ler nas entrelinhas. Construí cenas, diálogos e resultados. Respondi as perguntas e distorci as respostas. Deixei o barco à deriva em alto mar e não sei como atracou outra vez no solo. Foram muitos anos tricotando dúvidas e dívidas com a alma. Não percebi o que mudou, porém sinto falta de tudo que se transformou. A estrada empoeirada e longínqua, marcou a jornada. Não olho mais para o céu e não vejo as estrelas . Sem culpados e sem vítimas, apenas um acúmulo de desculpas que não descomplicam. Preciso me despedir, trocar a roupa. Até breve.