Cartas de Saint Michel - aleias de solidão

Me calo em meio às aleias de olmos da alma que tanto pensaram serem capazes de acalmar, trazer paz e amor a um coração que é tão amado. Me deixo invadir pelo silêncio e solidão da Abadia que se agigantam dentro o peito e rasgam as veias que pulsam o amor para dentro e para fora do meu coração.

A alma sangra solidão, penumbra e escuridão, enquanto as pupilas que guardavam esperanças se olham no espelho e veem o seu reflexo desaparecer por entre a superfície de nulidade e dor.

Olho pela nossa janela do tempo profundo e vejo as ondas do mar se jogando contra as escarpas de pedra e pilastras das portas. Desgastam-se as tentativas de manter as luzes acesas no interior. Lamparinas se apagam nos campos de dentro.

Olho o pequeno camafeu de esperança que, despacito, vai se apagando no peito e secando a fonte de alegria e amor que tanto irradiava felicidades ao seu redor e em tua direção. Vejo o meu reflexo que desaparece no espelho e a Vida que passa sem que eu possa vivê-la em mim.

Marie.