Me esqueci

Sempre lutei para que as pessoas que convivo, enxergassem a luz que há dentro delas.

Eu sou aquela pessoa que sempre, prega amor próprio e empatia em cada detalhe.

Sou ótima em discursos motivador, estou sempre aconselhando as pessoas.

Conselhos que percebo dolorosamente nunca ter praticado. Amo ver as pequenas mudanças na vida das pessoas. Já faz algum tempo que comecei a me questionar, e eu ? .

Bom eu nunca tenho tempo pra fazer as coisas que me agrada, ou simplesmente não fazer nada, apenas ter um tempo pra existir.

Mas sinto dentro de mim uma inquietação terrível, e uma culpa que me consome lentamente. Estou o tempo todo fazendo algo pra outra pessoa. E nessa locura de disponibilidade sem fim, comecei a perceber que o meu eu tá trancado em uma gaiola, abandonada como uma tralha sem uso.

Me esqueci de tamanha maneira que, deixei de viver e não tive mais alegria de apreciar minhas pequenas ou grandes conquistas.

Passei a me sentir incapaz de merecer as bençãos que tanto desejei, e Deus me proporcionou. Não vi o tempo passar, não sei se vivi direito todo esses anos. Quando olho a minha volta vejo e sinto que meu arco-íris ficou acinzentado, meu corpo enfraqueceu e minha alma anda tão triste, sem força pra continuar.

Deixei de fazer tantas coisas, que quando olho minha existência, percebo um buraco negro consumido minhas energias lentamente.

Talvez não tenha sido uma mulher forte como eu havia pensado, acreditei por muito tempo que eu era destemida, aquela que enfrentava tudo, com a força de uma amazona.

Que tolice a minha enquanto estava a guerrear, minha existência se enfraqucia, agora vejo o quanto me abandonei em casa detalhe que deixei de apreciar.

Nunca me achei a mulher maravilha, eu sempre fui a mulher multiuso disponível em todas as situações corriqueira. Aprendi a me adaptar pra tudo, me tornei camaleoa apenas existindo.

Me tornei a própria casa da mãe Joana, infelizmente não sei deixarei de ser .

Essa minha vocação pra Madre Teresa de Calcutá, tem arruinado minha vida, pelo simples fato das pessoas acreditaram que eu vivo para servi-las. Eu gosto de ser útil, não sou tão desprovida de misericórdia assim não.

Mas essa solicitude me fez escrava de mim mesma. Nunca tenho tempo pra nada, comecei a perceber que não estou me priorizando faz tanto tempo que me esqueci.

Eu consigo compreender todo esse abandono, só não consigo ainda separar tudo no devido lugar.

Talvez eu ainda anseio por reconhecimento, por uma posição que nunca serei colocada.

Sônia Fogaça
Enviado por Sônia Fogaça em 27/08/2024
Reeditado em 28/10/2024
Código do texto: T8138060
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.