Carta ao espelho

Espelho,

Quantas vezes precisei de ti para me ver ao longo do dia? Quantas vezes precisei me enxergar em minha vida? É surpreendente como, nos últimos anos, passei por tantas transformações e tu estiveste sempre ao meu lado. É fascinante ver como atuei em vários papéis, passando por diferentes versões de mim mesmo, cada uma trazendo algo novo. Vivendo e me entregando aos outros, vendo em ti cada nuance minha. É reflexivo como passei tão depressa por essas fases. Foram muitas as mudanças. Quando olho para ti, vejo o meu passado refletido.

Como em uma história comum, atingi o meu auge, acreditando ser perfeito diante das pessoas que passaram pela minha vida. Fui ao fundo do poço quando percebi minha fragilidade. Colecionei rachaduras em ti e em mim. Tentei te reconstruir, mas sei que é tarde demais. Chegaste ao teu limite.

Choro diante de ti. É saudade dos momentos bons, mas também tristeza pela velocidade com que os dias passaram. Preciso me livrar das cicatrizes que carrego. Preciso apagar o que passou e aceitar o novo tempo que chega. Preciso encontrar aquele perdão que nunca alcancei. Para isso, preciso te quebrar e te jogar fora. Tu chegaste ao fim. Deixo-te com a minha despedida.

Adeus,

Eu.

Felipe M do Carmo e Cassulo de Melo
Enviado por Felipe M do Carmo em 25/08/2024
Reeditado em 25/09/2024
Código do texto: T8136719
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.