ÚLTIMA CARTA ANTES DE MORRER
Estou quase sem forças para escrever esta carta, minha mão de tão fraca treme constantemente, meu coração quase parado bate lentamente no ritmo do badalo da igreja, que espera o meu corpo pra ser velado quando o dia amanhecer.
E eu aqui sozinho nesse leito vendo a última noite passar, ainda posso sentir a brisa do mar que nunca me negou um carinho suave. Não tenho forças pra enfrentar o câncer que tomou conta do meu corpo e do meu ser. Quando o sol raiar perante meus olhos já não estarei mais aqui.
A minha alma dirá adeus e restará apenas um corpo contaminado de feridas internas. Serei um anjo fantasma a vagar nas travas da noite, amenizando a dor dos solitários.
O dia vem surgindo e tenho terminas esta carta antes que a eutanásia seja realizada. A dor que atravessa meu ser é tão imensa que as palavras rabiscadas nesse papel de hospital saem fracas como eu.
A felicidade que eu nunca desfrutei ofereço ao mar que foi o único que tocou minha face, o único que me deu um carinho mesmo sendo frio, o que jamais me abandonou quando me senti só. O mar... O mar que serve de testemunha da carta que escrevo e sempre me recebeu com uma exuberância azulada.
A noite vai sumindo e o dia de pouco em pouco vem surgindo... Estou me despedindo do mar, é como se suas ondas dissessem adeus, ainda posso sentir a maresia que toca meu corpo. Meu pensamento vai se despedindo e as palavras ficarão engasgadas na minha memória.
Carta de um órfão que nunca foi amado, adeus!!!