O fuso
As mãos das fiandeiras são firmes e não hesitam em cumprir seu dever de tecer o destino, a vida e morte.
Antes da sua chegada, o fio era nó,
um nó cervical,
e dois pássaros negros me acompanhavam nos ombros,
exercendo alguma influência sobre o meu crivo.
Reinava tirana sobre domínios solitários,
e nenhuma divindade me olhava de perto.
Em janeiro deste ano ouvi o meu próprio Réquiem,
Não era Mozart.
Aquela composição era minha,
feita para que, de alguma forma, parecesse uma canção de dormir,
dormir para sempre, como uma espécie de encantamento...
um truque para vencer a vida e morte ao mesmo tempo.
Com pedras pesadas nos bolsos,
afundei em um rio profundo e gelado
assisti o fim do mundo acontecer,
não havia luz ou escuridão,
ou aparência,
apenas uma assombrosa e vasta amorfia
sem sentido ou turbação.
Mas, acordei sobre a superfície de um tear, onde girava uma grande roda,
Roda volúvel, submissora de deuses e homens,
que destruíra o pequeno e frágil reinado solitário desta pseudo imperatriz,
me mantendo escrava de sua sorte.
A vida é tão implacável quanto sua temida inimiga