Carta a quem interessar.
Me acostumei sem você.
Não é que você não faça mais falta,
Não é que eu tenha deixado de te amar,
Também não é por você ser uma pessoa má,
Mas suas prioridades sempre ficaram estampas
Nos holofotes da vida, lugar este onde nunca estive.
Você até mandava mensagem, se declarava,
Contava para as pessoas, me presenteava...
Mas tudo isso era o que lhe sobrava.
Me acostumei sem você.
A gente cansa de priorizar e ser sempre terceiro plano,
Cansa de ensinar e nunca ser entendido...
Mas na real eu me acostumei sem me acostumar,
Pois até o que não faço estou fazendo para chamar sua atenção.
Meu silêncio grita com voz trêmula,
Estou parado caminhando em sua direção
Buscando uma forma da sua estrada cruzar a minha
Uma vez e outra vez... mas de que importa tudo isso?
O romantismo é retrógrado,
A poesia se esvanece em meio a essa geração
Que corre contra o tempo em busca de prazeres momentâneos
Que infla o ego dorido causado pelos nãos que a vida dá.
Contudo a vida só está retribuindo os tantos não priorizar
Que você tatuou no seu peito para nunca mais tirar.
Estou me acostumando sem você...
Agora que já sei qual é o meu tamanho
Não irei mais me diminuir para caber neste cubículo,
Este espaço só caibo retalhado,
E de tanto me retalhar acabei crescendo ainda mais.