Carta a quem interessar.

Me acostumei sem você.

Não é que você não faça mais falta,

Não é que eu tenha deixado de te amar,

Também não é por você ser uma pessoa má,

Mas suas prioridades sempre ficaram estampas

Nos holofotes da vida, lugar este onde nunca estive.

Você até mandava mensagem, se declarava,

Contava para as pessoas, me presenteava...

Mas tudo isso era o que lhe sobrava.

Me acostumei sem você.

A gente cansa de priorizar e ser sempre terceiro plano,

Cansa de ensinar e nunca ser entendido...

Mas na real eu me acostumei sem me acostumar,

Pois até o que não faço estou fazendo para chamar sua atenção.

Meu silêncio grita com voz trêmula,

Estou parado caminhando em sua direção

Buscando uma forma da sua estrada cruzar a minha

Uma vez e outra vez... mas de que importa tudo isso?

O romantismo é retrógrado,

A poesia se esvanece em meio a essa geração

Que corre contra o tempo em busca de prazeres momentâneos

Que infla o ego dorido causado pelos nãos que a vida dá.

Contudo a vida só está retribuindo os tantos não priorizar

Que você tatuou no seu peito para nunca mais tirar.

Estou me acostumando sem você...

Agora que já sei qual é o meu tamanho

Não irei mais me diminuir para caber neste cubículo,

Este espaço só caibo retalhado,

E de tanto me retalhar acabei crescendo ainda mais.

Danilo Matos
Enviado por Danilo Matos em 13/07/2024
Código do texto: T8106238
Classificação de conteúdo: seguro