O retorno
Ei! Olha você ai de novo! Ressurgindo dos sonhos adormecidos na névoa! Senti sua falta!
Eu vi você várias vezes, escondida naquele brilho no olhar que por vezes desviei, eu não queria te encarar. Confesso!
Afinal, você era parte de mim que machucava, sua língua afiada parecia espada fincada na alma.
Eu confesso que por vezes quando você falava baixinho em meus ouvidos eu te ouvia sim, ouvia as rimas nascendo, ouvia o riacho de palavras como nascente jorrando do coração, mas eu fingia não te ouvir. Fingia não sentir sua presença latente pulsando em meu peito.
Confesso que naquela noite que você dominou minhas mãos e me obrigou a escrever eu a odiei! Apaguei tudo por pura rebeldia!
Você ainda estava sonolenta, fraca e eu a dominei novamente, mas não consegui mais te fazer hibernar...
Você foi despertando teimosamente como a velha menina marota que já fui!
Até que ontem, eu vacilei! Ao me olhar profundamente no espelho você despertou furiosamente e me laçou! Me encarou agarrando meu âmago, obrigou- me a te encarar, finalmente.
Intimamente, foi a batalha mais longa que travei na vida. Você e eu. O tempo e o espaço já não fez sentido naquele longo e breve momento de luta.
Eu vi minha derrota em seus olhos que após tanto tempo irradiavam faíscas de sol.
Confesso! E confessei a ti! Te odiei! Por que você é a parte mais fraca de minha alma, mas também entendi. Foi você que me fez suportar tudo e que me fez ser forte. Você que me resgatava da dura realidade e me fazia voar nas nuvens claras da fantasia.
Senti falta disso! Senti sua falta!
Então, eis me aqui! Rendida à luz de minha alma poeta! Te aceito e te acolho!