Escassez de sentidos

Nos APP de relacionamentos

Fazem morada pessoas estranhas,

Pessoas que se trocam por imagens,

Anunciam corpos, caras, bocas,

Emanam futilidades e efemeridade,

São como flores de plástico sem viço,

Sem cor, sem perfume, sem naturalidade,

Se leiloam em troca de nudes,

Todos lá tem seu preço,

Vendem beijos, sexo, tempo,

São pagos com motéis ou lanches,

Às vezes nem isso, são descartáveis,

Estão na vitrine se balançando,

Físico, idade, beleza, desinteligência,

Todos tão desinteressantes e vazios,

Todos tão pequenos e mesquinhos,

Todos tão desesperados e solitários,

Não conseguem ver o reflexo no espelho,

Emitem seu valor para a desvalorização,

Encontram desencontros, se perdem,

Não são achados, não são vistos,

Estão sob risco de psicopatas e outros,

Ainda assim se colocam na pista,

E fazem dos APP uma roda de expostos,

Por uma noite ou uma vida de amante,

Triste sina dos tempos de smartphones,

Onde a inteligência desaparece na tela,

E o que fica é só a escassez de sentidos...