Dia dos namorados

Dia dos namorados

(bonsai em flor, enquanto há vida, há amor!)

Há 36 anos, encontrei uma flor, uma pérola de grande valor.

As flores e as pérolas são maravilhas de grande beleza, e já as encontramos prontas, perfeitas, segundo a ordem do Criador, outras joias precisam ser lapidadas ou purificadas, assim como as plantas precisam de regas e cuidados. Mas, a flor e a pérola são preciosas porque já estão perfeitas em suas essências.

Um homem não constrói uma mulher e uma mulher não forma um homem, ambos já se encontram com as suas essências, sua personalidade e o seu caráter.

O desafio dos dois será cultivar o relacionamento e frutificar o amor ao longo dos anos.

Uma noite, sozinho, enquanto caminhava voltando da minha faculdade, orei a Deus e lhe pedi uma namorada, isso foi lá pelo mês de maio do ano de um mil novecentos e noventa e um.

Me lembro como se fosse hoje, era uma festa de aniversário, quando vi uma jovem linda, alta, culta, de olhos castanhos amendoados, em seu vestido vermelho plissado.

Tenho certeza de que naquela noite estávamos sozinhos, pois não me lembro de mais ninguém, era o dia doze de junho daquele mesmo ano (dia dos namorados!).

Eu sempre tão desajeitado, na imaturidade dos meus vinte anos, nem sabia do que conversar, mas, entabulei uma prosa sobre culinária, falando sobre meus dotes entre os talheres da cozinha, deu certo!

Assim, continuamos a conversar pelo telefone (sim, naquela época já tínhamos telefones) e fui pela primeira vez visitá-la e conhecer seus pais; não sei se existe situação mais difícil para um jovem em sua vida. Então me vesti bem e lustrei muito o sapato preto e de bico fino (última moda da época) e usei minha camisa branca de listras azuis, a mesma do nosso primeiro encontro (na verdade a única que tinha). Funcionou!

Ganhei a atenção dos seus pais e logo conheci a grande família, - grande aqui não é hipérbole e nem pleonasmo -, entre irmãos, avós, tios e os primos e primas, passavam fácil de trezentas pessoas.

E assim fomos crescendo, nosso amor amadurecendo (e nós também); ela me ensinou a dançar marchinha, xote e vanerão (a valsa estamos tentando até hoje!) e eu tentei ensinar a ela como dirigir um carro; desistimos e optamos pela autoescola, no dia em que ela parou o carro com as duas rodas sobre o meio-fio.

O primeiro presente dela para mim, foi uma blusa de lã, muito linda com uma faixa cinza no meio, bem, além de linda era grande, quase três vezes o meu número, já que na época eu pesava apertados sessenta quilos.

Já o meu, foi no dia dos namorados, uma linda blusa branca com um girassol amarelo na lapela, ela gostou muito, pena que quase não a usou (seria um sucesso!).

E o tempo passou e confirmou nosso amor e amizade, resolvemos então que era hora de selar os nossos sonhos e resolvemos trocar as alianças e marcar o nosso casamento.

Era o dia seis de abril de um mil e novecentos e noventa e um, o nosso dia, todos foram convidados e o casamento foi celebrado na Primeira Igreja Batista de Cascavel, pelo Pastor José Carlos Gerhard Matos, que inspirado em Cânticos 8:7 afirmou que: As muitas águas não podem apagar este amor, nem os rios afogá-lo!

Nessa mesma cerimônia, nossos amigos Primo e Luciana, cantaram que: Deus me escolheu pra você e escolheu você pra mim!

Foram profecias poderosas, pois muitas águas bateram fortes em nossos alicerces, por vezes causaram fissuras, derrubaram os rebocos e trouxeram entulhos, causando medos e temores; porém, confiantes cremos que Deus nos escolheu um para o outro e constatamos que as muitas águas passariam, e passaram, sem afogar esse amor escolhido por Deus.

Vieram dois filhos amados Lucas e Samuel, inteligentes e lutadores, dois artistas, o Lucas é o senhor das letras, professor de português; o Samuel é o nosso rouxinol, talentoso, cantor, compositor e musicista, ambos, olham para as estrelas e sonham com o brilho o sucesso; mas, em nossas vidas já brilhar e completam esse amor tão grande que foi escrito por Deus.

Pois é, já se foram trinta e seis anos, como pode ter passado tão rápido?

Minha querida esposa, flor preciosa, pérola de grande valor, se eu pudesse voltar no tempo faria a mesma oração, pois sei que Deus responde, e tomaria as mesmas decisões que me levaram até você e, se você quisesse, construiria nosso relacionamento com os mesmos tijolos e no alicerce inabalável de Jesus Cristo, pois Nele vivemos e para Ele existimos.

Eu te amo hoje tanto quanto te amei no primeiro dia, porém, hoje esse amor é fortalecido pela confiança mútua, pela reciprocidade evidente e pela firmeza inabalável de que o verdadeiro amor jamais acaba.

Feliz dia dos namorados!

Cascavel, dia 12 de junho de 2.024.