Carta à Estrelinha Azul (1)


                           Andrômeda, 070108 Tempo Estelar.
Querida Azulinda!
Há dias que venho namorando Sírius e refletindo sobre seus questionamentos. Sei que quando levantamos uma questão, é porque de certa forma, já temos a resposta, ou até mesmo uma grande parte dela. Ou então, esperamos por uma confirmação.
Não vou negar que sua curiosidade me surpreendeu, e também me fez fazer uma viagem, um tanto Insólita, nos limites de meu EU desconhecido. Valeu mesmo!
Obrigada por me oportunizar esse momento de auto conhecimento! Fico devendo esta!
Você me perguntou por que escrevo e como começou minha aventura no mundo das Letras. Pode parecer que seja natural para quem escreve ter uma estreita ligação com a literatura, com os grandes clássicos e seus escritores, mas comigo não foi bem assim, porém, não fique decepcionada, tive meus Clássicos Infantis, nos faz de contas, nos vôo da imaginação, no mundo da fantasia. Dormir para mim, significava me deleitar com o mundo da imagético e onírico, e lá ia eu, obediente pra cama, sorriso travesso, disfarçava a alegria, e no "era uma vez"... o mundo de magia e encantamento eu explorava...  Minha mãe era quem apagava o abajour.
Na adolescência, apaixonei-me pelo clássico das 1001 noites e, deixei-me seduzir pelos Romances da Abril Cultutral e das fotonovelas... Conheci a literatura nos bancos escolares, como disciplina do científico. Não faz muito Tempo... Olha eu preocupada com tempo... Esquecia-me que aqui contamos o tempo diferente, cada um faz seu calendário, pois o tempo estelar, se conta pelos segundos felizes... 
Mas, quando estudei Camões me encantei...  Pesquisei os Lusíadas na Biblioteca Nacional. Eu tinha a facilidade de interagir com o que lia, e isto me encantava, e foi nesta época, que conheci o portal dos sonhos ( é assim que denomino o mundo das letras).
Cá estou eu divagando. Mas, tentarei ser mais objetiva. Pois bem, o meu conhecimento de literatura se restringe ao conteúdo de literatura do ensino médio... Enfim, o suficiente para garantir o ingresso no vestibular...
Pode parecer até heresia (imagino que se o inferno existisse me mandariam pra lá). Dei uma volta pra dizer que  meus interesses sempre foram na área psicológica, das ciências biológicas, da filosofia que eu adorava e ponto. Meus contatos e relações  com as letras e livros, sempre foram Acadêmicos e técnicos, por exigências de capacitações e especializações em minha área profissional...  A literatura, não fazia parte de meu universo...
Até que, nos idos de 2005, em novembro, aqui no RECANTO, comecei a escrever e a me surpreender, comigo mesma. Na época, muito me questionei... Era um mundo novo que se descortinava.Trouxe dúvidas, ansiedades, porém muito mais prazer, bem-estar e auto conhecimento. Aprendi a me respeitar, a me deixar falar... E surpreendentemente fui ouvida, as interações ampliaram meu universo de relações. Sempre me perguntava, como? Por quê comecei a escrever? Ainda, não tenho respostas fechadas, nem espero ter, afinal, sou mutante ( me penso uma ET), sigo o calendário estelar. Passei a observar minha forma de criação... de construções dos poetrix ( noutro momento, falo deles), e a emoção se fez minha fiel escudeira... Algumas pessoas disseram que meus escritos apresentam semelhança com Florbela Espanca ( deve ser bem tênue)...  Mas..não posso dizer que sim... nem que não...  Porque não tenho conhecimento de causa. Claro que eu poderia ter pesquisado (o google é uma ferramenta e tanto), mas o receio, receio não! O pavor de plágio falou mais alto. Tolice? Pode até ser. Mas enquanto eu não me sentir segura, evitarei os autores clássicos e de renomes, para que inconscientemente, eu não sofra influências.
Escrevo sobre sentimentos, emoções e temas atuais. O que escrevo tem que significação para mim. Não sei escrever sem contextualizar. Leio muito aqui no Recanto das Letras, no Luso-Poemas e outros espaços onde tenho textos publicados. Aprendi que ler e escrever também viciam. Mas, voltando à sua indagação; escrever para mim, tem sido um ato de amor e terapia para a alma. 
Será que lhe consegui responder? Puxa! Falei pelos cotovelos. O tempo passou tão rapidamente. Ainda bem que almas não enruguecem (ou usam essências de formol).
Beijos perfumados de carinho,
                                                                Juli