Por favor, só deem ao Léo o que aqui está descrito
Lembro-os que Léo é meu primo em segundo grau e foi o primeiro namorado de Nádia, minha ex-esposa. Antes disso, quando iniciei um namorico com a Suzi (linda que era...) ele falou pra ela que eu fumava maconha. Mentira! Entenderam a intensão dele? Então escrevo sem medo algum: esse sujeito não vale a água do Batismo.
Devido aos resultados de exames a que me sujeitei recentemente - devo ser realista -, estou me despedindo. E alerto aos parentes próximos: peçam pra ele não ir no meu velório. Ele vai fingir que não entendeu. Cara de pau pra isso é que não lhe falta.
Entretanto, tem coisas que vou deixar escrito e que duvido que todos meus pedidos sejam cumpridos. Mas é bom não arriscarem. Meu cachorro, camisas e sapatos que nunca usei, livros, discos e a coleção de selos não podem ir nas mãos desse fdap.
Podem jogar no pátio da casa dele aquele violão (nunca aprendi a tocar) mas tirem as cordas; as velha fitas de DVD do Tarzan, dos Trapalhões e da Xuxa cantando; a tevê preto e branco; o carrinho de mão que está com o pino que sustenta a roda quebrado; o tanque de lavar roupa e, sim senhores: o Fiat 147 também. Só me deu prejuízos. Então que isso vá mexer no financeiro dele. Ah, o livro Ulisses joguem também. Esse tem 1112 páginas e pesa uns seis quilos. Vai andar uns 10 dias pelos bares se exibindo com ele. Quem lhe perguntar do que se trata não terá respostas. Aliás, saibam todos, Léo só gosta de ler horóscopos.
Ferramentas como enxada, martelo, foice, machado, marreta, furadeira e serrote não deem. Ele nunca foi de trabalhar...! O que irá fazer com isso? Vender. Para comprar o quê? Perfumes.
Meu último pedido, esse direcionado a Nádia, minha ex: se você se engraçar com ele, mande rezar missas - mil missas, pela sua alma. Prometo também, lá em cima, ‘trabalhar’ para você, Léo, viver muitos anos na lama, sem cobertura, bêbado, ao léu.
Assinado: Sílvio Siqueira Motta