Escolha com verdade

Desde o dia em que te conheci de fato, naquele momento em que contemplei teus lindos olhos negros e teu sorriso tão branco quanto a lua, senti algo diferente em mim.

O medo me tomou, mas maior ainda era minha vontade de estar contigo.

Eu cedi.

Ainda me lembro dos teus primeiros toques, nosso contato inicial, cheiro, gosto, temperatura...

Naquela noite escura, quando te vi passar pelo portão, vi clarear tantas incertezas.

E a certeza maior era que eu te queria. Teu jeito ágil e descontraído trouxe os acontecimentos até nós.

Saí dali em êxtase, não só por ter sido um bom encontro, mas porque você mexeu comigo de um jeito diferente.

A partir daquele momento, não houve outro que conseguisse despertar em mim a mesma vontade de encontro, de proximidade ou toque.

Eu queria você, de novo e de novo.

Cada despedida trazia consigo um aperto no peito, uma ansiedade para o próximo encontro.

Era como se o mundo ao meu redor desaparecesse, restando apenas a intensidade do nosso desejo.

No entanto, junto com essa paixão avassaladora, vinha a sombra da insegurança.

Cada vez que estávamos juntos, uma parte de mim temia o momento em que tudo poderia desmoronar.

E mesmo assim, eu me jogava de cabeça, porque a felicidade e o desejo que você me trazia superavam qualquer medo momentâneo.

E assim, nesse constante balanço entre a alegria e o receio, meu amor se moldava, dia após dia.

Quando aceitei esse sentimento em mim, sabia também que te entregava minha vulnerabilidade.

E foi nesse momento em que você, ainda incerto, infantil, me machucou.

Naquele momento, não te pareceu demais me ferir. Às vezes, me pego pensando: se eu não tivesse visto, descoberto, como estaríamos agora?

Quais verdades você de fato me confessaria?

Estou segura ao teu lado? Posso confiar a ti minha honestidade e crer que terei de volta a tua? Acredito que a humanidade é imputada de erros, e o arrependimento é o que nos molda. Senti teu arrependimento. Acreditei na tua dor. Mas assim como a névoa densa cai sobre a mata escura, sinto que algo nos paira constantemente.

Essas sensações me vêm com muito sentido, mas eu ainda prefiro acreditar que seja apenas a insegurança falando mais alto.

O medo de reviver aquele momento perturbador, de chorar lágrimas que nem tenho, e de sentir uma dor tão imensa que sei que vai me dilacerar me faz às vezes ficar ansiosa.

Mas ambos tivemos escolhas. E ambos continuamos aqui, juntos por escolha.

Sempre te dei liberdade e espaço para traçar o caminho que quisesse. E apesar de doloroso, aceitaria as verdades que viessem de ti.

Se tiver que ir, vá depressa, sem rodeios. Vai doer, mas aceitarei.

Tudo se reconstrói, reinicia, e eu vou sobreviver.

Mas se escolher ficar, fique de verdade. De coração aberto, com sinceridade, amor, desejo e ternura.

Faça de mim tua de fato e se torne inteiramente meu.

Jamais terá metade de mim; se te escolhi, é porque estou aqui para ti e somente para ti.

O que anseio é sinceridade e troca do que de fato está em seu coração.

E se amor verdadeiro é o que guarda aí, esforço nenhum será demonstrar tudo que está em repouso no teu peito.