Carta para Cecília
Caxias (MA), 29 de setembro de 2023.
Querida Cecília,
É com grande prazer que escrevo esta carta para você, minha estimada poeta.
Gostaria de dizer que quando chegamos aos 50 anos começamos a sentir todas as diferenças e mudanças que ocorrem conosco.
Tombamos com facilidade. Tudo se torna pesado. A distância aumenta. Nossos passos são mais lentos.
Sempre tive vontade de escrever sobre o seu poema "Retrato" e hoje tenho essa oportunidade.
Hoje com cinquenta e uns anos, sinto tudo isso que você descreveu nesse primoroso poema.
A labirintite nos deixa tontas. A vista já não consegue alcançar muitas coisas. A audição já não consegue captar determinadas falas, mas irrita-se com o som dos paredões.
Nossos pés já não aguentam quaisquer tipos de sandálias. Nós já não escolhemos quais tipos de sandálias queremos calçar, mas os esporões calcâneos dizem o que querem usar: comfort flex, usaflex, etc...
A paciência nos deixou há algum tempo, o que nos deixa com o rosto desfigurado, cansado e às vezes triste.
As coisas caem com facilidades de nossas mãos. A vista cansada e curta já não nos permitem ir muito longe.
As caixinhas de remédios a cada dia aumentam mais. No entanto, “quem não quer envelhecer que morra jovem”, como diz Ana Claudia Quintana Arantes. Com certeza queremos viver muito mais, apesar das dificuldades trazidas pela idade da experiência.
Só quem tiver o privilégio de passar por essa fase é que vai entender a força de vontade de viver que cada ser humano tem e faz acontecer.
Uma vida feliz e saudável é o que desejamos para todos que já passaram de meio século e que continuam lutando por qualidade de vida, porque todo tempo é tempo de ser feliz apesar dos pesares.
Carinhosamente me despeço, querida Cecília!
Saudações literárias!
Marinalva da Silva Almada