Orla
Eu tenho saudade da sensação da areia nos pés.
Eu descia em passos ligeiros até a tua beira.
Nada de concreto, era o teu horizonte, tuas águas, era linha reta até ti.
Locais de fogueira, troca, ciranda, protestos, contemplação noturna, meditação e reflexão.
Onde tu me ajudava a me encontrar de novo, a me entender.
E que muitas vezes olhei pra ti com preocupação, "o que estão fazendo contigo?"
Eu tava lá quando quiseram derrubar tuas árvores, protegendo-as.
Eu passava triste na frente quando me impediram de te visitar, me senti uma criança que ninguém perguntou se queriam que mudasse de escola.
E quando te concluíram eu me adaptei a tua nova forma... Até gostar de ti de novo. Eram tuas ondinhas calmas que lavaram meus pensamentos em tempos de tormento.
Não tenho palavras pra descrever o que senti quando te vi transbordado...
Eu te entendo, mas me entristeço, lamento, você de antes me faz falta.
Meu lugar seguro não é mais seguro, amada orla...