Chuva ácida
Salvador, BA; 06 de maio de 2024
Pessoas,
Tantas vezes os céus parecem édem.
que me lembram alguém
dos céus se esperam anjos
mas vem o apocalipse também
As trombetas silenciosamente pareciam ecoar
anunciam fim dos tempos
centenas de pessoas a suplicar
socorro a propagandar
a chuva infinita a afogar olhos vermelhos
Imagens que deveriam ser miragens
paisagens sem a beleza a admirar
aquarela borrou-se de cinza o que tanto tenho a recordar
Naquelas ruas, passeiam minhas memórias,
cheias de vida e hoje ceifam tristezas
trouxe parte delas para mim, recordei a cor que colori
o sorriso amarelou-se
ao pensar no desespero de pessoas correndo ou escorrendo por lá
correntezas de tristezas sendo levadas ao fim
Pessoas se procuram
Não se acham
Nada de luz, nada de água
a não ser a salgada, derramada no rosto sem cor
Celular não liga, só o radio a pilha para nos falar
Onde estão o nós, os nossos, os seus,
Chuva ácida ,derreter partes daquele lugar.
que vi tão generosamente bonito
e hoje o que temos a falar?
além do luto,
duro de acreditar
quantas se foram
quantas ficaram
quantas histórias serão contadas ou repetidas
em cada palavra a dor de uma partida
outras nada sabem
Quantos amigos, quantos desconhecidos
quantas ajudas, quantas desonestidades?
há quem recolha de quem as merecem
para se aproveitar
Triste fim da humanidade incapaz
e as muitas opções frias
congelam corações aflitos
os poucos que aquecem
talvez estejam com nós das despedidas
engasgadas em uma garganta
o adeus silêncioso
doloroso
de se perder...
Lute o Sul