Carta para mim mesmo
ALGUM LUGAR AQUI DENTRO, 21 DE JANEIRO DE 2023
Não quero lhe falar, meu grande amor
Das coisas que aprendi nos discos
Quero lhe contar o que eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
Eu sei que o amor é uma coisa boa
Mas também sei que qualquer canto
É menor do que a vida de qualquer pessoa
(Elis Regina)
Às vezes questiono a mim mesmo se sei sentir...
Relutei muito a iniciar esta carta, pois, sendo para mim, sabia que não haveria nada a esconder, nada a ponderar - não que esteja fazendo desta linhas meus últimos escritos, longe disto.
Tenho me aberto cada vez mais, me lido cada vez mais, me expondo cada vez mais. Entretanto, saber que a carta é para mim aumenta a sensação de que nada precisa ficar de fora destas linhas.
E nada ficará, mesmo sabendo que o texto será inundado de entrelinhas características deste que escreve para entender-se, para ver-se, para sentir-se.
Volto à interrogação: às vezes questiono se sei sentir. O que fundamenta tal questão que, inicialmente, é puramente racional?
Sim, eu sei sentir.
E vou provar, sentindo.