A Fuga das Capivaras Peludas

Perguntei se podia sentar ao seu lado.

 

- Não, vai lá para os fundos. Ou, vai para o lado de lá, ele me disse. Eu não vou nem ligar este computador

 

Sabia que me queria distante. Mas não capitulei em azedumes. Em pé, fiz as devidas apresentações e rumei eu para um lugar aos fundos.

 

No entanto, ao passar perto, fui barrada pela colega que a tudo ouviu e me convidou a sentar ao seu lado (entre os dois) e acompanhar a aula prática pelo seu computador, posto que o "meu" estava sendo usado pelo professor. 

 

Sentei-me sabendo que já estava incomodando a "persona" de meu "outro lado", mas disfarcei. Fingi que não havia viva alma ali. Não demorou muito levantou-se "ela" e rumou lá para os fundos, para bem longe de mim (e, estando lá, ligou o seu computador até então desligado)! 

 

O que esse fato me trouxe de aprendizado?

 

Aprendi que quando você não é querida ao lado de alguém e essa pessoa manifesta isso verbal  e fisicamente, há várias formas de encarar a situação:

 

1) debulhar-se em lágrimas como muitas vezes eu já fiz;

2) se enfurrescer, empacotar as coisas e rumar escada abaixo praguejando, pisando forte e socando o corrimão das escadas ficando dias e dias sem aparecer à sua presença;

3) ignorar e fingir que não é contigo, para forçar a própria pessoa a constranger-se e sair ela mesma de perto de você, sendo que será ela a passar vexame diante dos demais presentes por sua atitude infantil e boba;

4) dar o seu melhor sorriso e seguir sua vida sem se importar com o que move alguém a não te querer ao lado;

5) saber-se especial e forte diante a todas as agruras, dificuldades e desafios que a vida te apresenta.

 

E foi minha força de ser mulher que descobri, mais uma vez, naquele dia.

 

E, assim, a vida segue me ensinando que sou uma pedra valiosa, preciosa, que posso ainda não ser lapidada, mas que um dia alguém me tomará em suas mãos e entre carícias e beijos me fará um puro e magnífico Diamante de Amor!