Fortaleza vazia
Há um vazio em mim. Um vazio que persiste em existir. Quero tritura-lo, dilacera-lo, extingui-lo, mas ele ali está, triunfante!
Cada vez mais essa fortaleza em que me encontro destroi-me, dilacera-me, extingue-me. Mas eu não saio de dentro dela. Ou será ela de dentro de mim? Meus gritos de desespero ecoam, mas fora daqui apenas o mar os ouve. Ele se agita, bate, abranda, refresca... eu o ouço, mas não o vejo, sinto-o, mas não o toco. É o nada no meio do nada. Uma prisão, pura e simplesmente.
Então uma pedra solta encontro. Mas é pesada demais pra mim. É uma prisão e eu não posso sair. Ela quer ver-me tentar, mas ri de mim, gargalha! Porque sabe a fortaleza que eu não irei sair.
Eu preciso dela e ela de mim? Mas isso é tóxico, mata-me aos poucos e aos poucos me entrego vencido. Parece revidar cada tentativa, cada fagulha de esperança, cada sonho... e eu não posso sair. Ela me quer aqui e aqui permanecerei porque tenho cama para dormir.