Carta para a humanidade XII

Às vezes, o silêncio é como um cristal:

Tão delicado que pode ser quebrado a qualquer momento,

E sem percebermos acaba por nos machucar – Triste realidade.

Por alguns instantes pode se moldar feito um espelho,

A emoldura-lo com o cântico dos pássaros –

Entoando melodias com a beleza da harmonia,

Não com estampidos em forma de fogos de artifícios...

Trazendo a leveza –

Na aquarela a beleza.

De sua crescente poesia,

Convidando à meditação:

O repouso –

O olhar para dentro de si,

Através das janelas –

Ou no terraço a contemplação.

Todo o resquício de verde,

Da Mãe Natureza –

Torna-se o meu refúgio,

Mesmo que seja:

Entre o concreto e o asfalto,

Envolta na densidade do aprisionamento.

***

Não importa o mal do século XXI,

O preço que nos cobra a tecnologia.

O mergulho que, enfim, realizo,

Ao interior do âmago.

Equivale à experiências,

Com infinitas quilometragens à anos luz.

O espírito tece caminhos –

Os quais não me permitiria a gravidade.

Há algo maior do que toda ilusão,

Que nos aborta a nossa volta.

Onde permeiam os olhares,

Também as palavras que nos julgam –

Sem a menor cerimônia.

Então, redescobrir a cada nova conquista,

A sensação da liberdade interior.

Esse é a maior de todos os tesouros,

Por aqui existentes.

Entorpeço-me –

Reverbero a gratidão.

Afastando-me do que se faz necessário,

Do perigo iminente.

Percorrendo -

Navegando –

Pelo curso natural da correnteza do mar ou do rio.

Desvanecendo qualquer ataque dos opositores,

Enquanto, estão indo –

Estarei vindo –

Regida pela proteção da ancestralidade.

Ensinando a me manter forte,

Independente da hipocrisia que impera na sociedade.

O fato é que estamos tão acostumados,

Com o que nos é servido: Migalhas,

E não nos damos conta das falhas.

Ao protestar –

Ou não aceitarmos tais condições –

Somos vistos como pessoas não gratas.

Ao sermos excluídos de certos círculos,

Quebrando o vínculo vicioso –

Não somos obrigados,

A permanecer onde não somos aceitos.

O silêncio é tão bem vindo,

Em seu antagonismo é desesperador.

Empregando o papel de nos ensinarmos,

De aprender a lidar com a ansiedade presente –

Perante as ausências.

Devolvendo o afago da inspiração,

Limpando a mente –

Trazendo respostas,

Mesmo aquelas tão íntimas –

Muitas das vezes, não compartilhadas,

Mas que no fundo faz enorme diferença.

O silêncio em si é perfeito,

Faz-nos prestar atenção ao que acontece ao nosso redor,

A notarmos o outro.

Forçando-nos a levantar o olhar –

Para tanto o que é perspicaz.

E aos tormentos em tantas questões,

Não notamos as diferenças.

Não importa qual seja a sua crença,

Ou que não tenha nenhuma,

E ainda a sua espiritualidade seja livre –

Assim, como a minha,

Que absorve um pouquinho dos ensinamentos,

O que ressoa com a essência.

E o que não, jogo para o universo,

Respeitando a posição do outro.

Na verdade, acostumamos com os barulhos -

Com a poluição sonora –

Distraindo-nos –

Tirando a atenção ao que se faz urgente.

Cabe a cada um de nós absolvermos os sons da Natureza,

Observando a falta de paciência,

Para então, transmutar toda e qualquer energia –

Aquelas que nos tira do prumo,

Para encontrar a estrada que tanto desejamos prosseguir.

Por acaso, se encontrar alguém,

E este desejar o auxílio,

Não recuse.

Do contrário, lembre-se:

Cada um é livre para seguir a sua própria jornada.

O que desejo transmitir:

É que saibamos reconhecer o nosso próprio silêncio.

Saber ouvir as vozes que ecoam dentro do âmago –

Universo interior,

Separando o joio do trigo,

E determina-las,

Afim, distinguir o que desejam nos falar,

Não se preocupe com o caos ao lado de fora.

Ao mantermos a mente em equilíbrio,

O coração em silêncio,

Requer exercício e disciplina.

E mesmo que não pareça estar bem,

Não se preocupe.

Se a realidade vier se transformar em uma temida turbulência,

Mantenha-se em silêncio –

Tudo continuará bem.

Acredite e confie!

***

Blog Poesia Translúcida

Fabby (ana) Lima
Enviado por Fabby (ana) Lima em 01/04/2024
Código do texto: T8032700
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