EU TE TRAÍ!
Em meio ao silêncio que paira no ar, quero começar esta carta expressando o que, por tanto tempo, ficou guardado em meu coração. Hoje, decidi enfrentar a verdade que, por mais dolorosa que seja, merece ser reconhecida! Eu te traí! Caminhamos juntos por uma jornada de amor, risos e cumplicidade. Nossa história foi tecida com fios de carinho e esperança, mas, infelizmente, também foi entrelaçada com escolhas que desviaram o meu caminho. Se fui canalha; não sei... Mas revivi aquilo que tinha perdido aos poucos com você...
Hoje, não estou aqui para atribuir culpas, mas para aceitar a responsabilidade pelos meus próprios erros. Admiti que, em algum momento, meu coração vacilou, e permitiu que a tentação obscurecesse o que tinha de mais valioso: você. O peso da traição é um fardo difícil de carregar, e reconheço que as feridas causadas são profundas. Sei que o perdão não pode apagar o passado, mas, ao menos, desejo que possa aliviar o peso sobre nossos ombros.
É difícil admitir que chegamos a um ponto em que a confiança se quebrou, e a dor da desilusão tornou-se presente. As lágrimas que caem agora são testemunhas silenciosas daquilo que um dia foi puro e belo, e sim! Eu te amava muito... Apesar do adeus inevitável, lembrarei dos momentos felizes que compartilhamos, das risadas que ecoaram e das promessas que, na época, acreditávamos que durariam para sempre. Que porra de para sempre? Levarei comigo as lições aprendidas, as memórias que moldaram quem somos e o amor que, em seu auge, foi inegavelmente real.
Que possamos seguir em frente, cada um trilhando seu próprio caminho em busca de cura e redenção. Torcemos para que o tempo cure as feridas e que a vida reserve novos capítulos de felicidade para ambos. Este não é um adeus frio e indiferente, mas sim um agradecimento por tudo que compartilhamos, mesmo que, no final, tenha se tornado uma lembrança agridoce. Que o futuro nos reserve paz e que, um dia, possamos olhar para trás com serenidade, lembrando-nos de que o amor, por mais efêmero que seja, é sempre uma dádiva digna de gratidão. E obrigado por tudo...
Talvez, um adeus...
Ronald Sá
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Ronald Sá, é ator, dramaturgo, diretor e professor de teatro. Tem mais de 30 textos teatrais escritos, tanto infantil e adulto. Mora em São Luís do Maranhão. Começou a se interessar pelas letras desde criança. Formado em Artes Cênicas, tem um grupo de teatro na periferia da cidade maranhense, Anjo da Guarda. Bairro cultural, celeiro de vários artistas. Atuou, escreveu e dirigiu 26 espetáculos. No momento, escreve sua primeira série e e seu primeiro livro sobre o mundo teatral.