Entre o adeus e a esperança

Seu caminhar em direção oposta e a pressa em terminar o que havia começado, deixaram um recado. Sem expressões e sem olhares a se cruzarem. Não havia timidez, nem ansiedade aparente. Sua respiração não estava, como antes, apertada e ofegante. Eu percebi porque também sentia o mesmo. Porém, seu silencioso recado foi ensurdecedor de tão audível. Vi ali que tínhamos sequer um começo, contudo, parecia eu deslumbrar um fim. Você não queria estar onde eu estava.

Pela primeira vez, entre tantas, com efeito uma emoção diferente eu senti. Causa de sua apatia incompreensível. Eu não tateei o medo, como de costume e tão marcante. A dolorosa indiferença reparei por sua distancia. Agora intencional. Você não relutara. Talvez, eu pouco tentara.

Então, guardei para mim meus olhares e o desejo que carreguei até ali. Eu quis romper essa distância e chegar até você. Minha vontade fora expressa em tentativas acriançadas. Você se lembra de quando estávamos pertos um do outro? Eu ficava parado em silêncio como se tivesse esperando você chegar um pouco mais perto, ou, até mesmo dizer alguma coisa? Deixar os meus olhos irem em direção aos seus fora o que eu conseguira fazer. Será que a densidade das coisas nos intimidou? Quantas perguntas ficarão sem respostas. Elas não foram nos feitas. Parece que não teremos mais tempo, ou será que acabou nossa disposição? O que estava entreaberto, o que dava força para se segurar em algo, parece que se esvaiu, parece que se fechou.

Eu gostaria de ter tido o que, por vezes, escapou em meus olhos. Ter deixado meu sorriso largo ser mais intenso que tantos receios. Eu tive medo, me senti exposto e frágil. Mas, talvez, a força que poderia ter surgido não deveria ter vindo só daqui. Ela foi suficiente para eu poder esperar, e, algumas vezes, tentar me aproximar. Quantas vezes eu saí de casa pensando: hoje não deixo passar, vamos conversar! Nessas ocasiões, gostava de imaginar o quão leve, engraçado e gentil esse momento seria. Em outras, me vinha à cabeça o quão claro e objetivo eu deveria ser. Você passou por isso também? Gostaria de ter sabido disso. E de tantas outras coisas.

Bom, encerro por aqui. O futuro do pretérito marcou muito esse tempo. Tempo, que agora se converteu em passado. Diante disso, com esperança penso no que o futuro nos reservará.

Edu Magalhaes
Enviado por Edu Magalhaes em 23/02/2024
Reeditado em 23/02/2024
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