DÓI... DILACERA... SUFOCA...

Déa... Minha filha querida.

Como vai você? Trouxe teus doces, tuas frutinhas e um abração sem tamanho procê.

Mãe não suporta tua ausência. A garganta aperta

tanto que já não sei. Agora tenho falado pouco.

Filha, tem sido tudo tão difícil. É tudo extremamente

doloroso. Dilacerante seguir sem você. Estamos doentes.

A vovó também partiu dia 06 de outubro. Choro por vocês duas. Choro por ti involuntariamente e por minha mãe. Choro por tio Marcos que não está bem. Está com o mesmo problema da Mirinha. Já pensou?

Parece um pesadelo. Estou chocada com tantos acontecimentos assustadores. O irmão Holanda também partiu. Outras pessoas que nem lembro os nomes também partiram.

Vim te dizer da festa de encerramento da Dara. O 3°rão dela. Olhava perdidamente como se tu foras entrar por ali. Estava diferente, maquiada, pintou os cabelos que não gostei muito. Sabe? A festa não teve luz. Houve um problema lá e foi tudo assim mesmo. A meia noite clareou e aí puderam aproveitar o que deu. Ah! A melhor parte... Aquela que tu mais querias, ela concluiu o curso de Inglês e fez a testagem de Cambridge como você desejou e foi aprovada. Terminou, terminamos! O teu Vivi vai pro oitavo ano. Nem acredito! Ele está diferente. Cresceu. Próxima semana sai o Enem de Dara, se tudo acontecer como está previsto vai embora cursar em Caruaru. Difícil, né? Pelo menos de início. Teu pai envelheceu muito e já não tem mais alegria o percebo esquecidão... Vamos providenciar um médico sobre isso. Teu mano também está diferente mas chora escondido.

Ah! você quer saber do teu marido não é? Não devia... Ele está bem, a Francisca é teu oposto conforme você sabia. Temos compaixão dela. Agora realmente sabemos quem é ele como você sembre alertou... "Um dia vocês vão saber quem é... " Pois é, já sabemos.

A vida por aqui está estranha, vazia, cheia de dores. Tantas saudades... Tantas enfermidades malignas.

Mãe está muito cansada. Não acho motivos para sorrir. Não quero sair. E estou com medo de gente. O natal luz infernou a cidade.

Fiiiiilha, no dia que nos encontrarmos só quero uma coisa: o abraço que nos foi proibido trocar de uma para outra. Lágrimas que não esgotam. Não vou continuar mais por hoje. Quero que o tempo traga um jeito e algumas respostas pra tudo.

Continue desfrutando desse lugar aí decerto é muito agradável, melhor que o nosso aqui. Aqui nada é novo a não ser o calendário e este avança impiedosamente.

Receba todo meu amor, respeito, saudade e o desejo imenso de te encontrar. TE AMO, tanto mais que antes.

Lamento que tenhas acreditado e confiado em tantas pessoas inclusive da família mais que em tua mãe. Dói. Tem sido dureza.

Beijos de

Mãe

Garanhuns, PE, 13 de janeiro de 2024.

Uma madrugada de profunda dor.

Tantas dores... DEUS ESTÁ CUIDANDO DE TUDO.

E as VERDADES doa em quem doer... APARECERÃO.

Míriam DOliveira
Enviado por Míriam DOliveira em 13/01/2024
Código do texto: T7975384
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