Para todas as pessoas que amaram e não foram correspondidas
Eu sei que é mesquinho da minha parte escrever sobre isso. Olha, eu sei. Sei que é egoísta demais, egocêntrico e até mesmo, desumano. Eu sei. Sei meus defeitos contados aos dedos, sei minhas minúsculas falhas, aquelas que ninguém ver, aquelas que eu deixei submersas nas máscaras que construí com o tempo e que o tempo edificou em mim.
Sei que o caos que habita em mim é etéreo e também sei que o caos sempre estará presente na minha porta. Eu entendo que tudo em mim é demasiado, intenso e subterrâneo. Eu entendo que não consigo ser brisa do mar, que não consigo ser calmaria e muito menos um momento.
Mas, por que ninguém fala sobre as pessoas intensas e não correspondidas? Por que ninguém fala sobre os amores que deixamos, por que, desde cedo nos foi ensinado que não os merecíamos? Me dói a ideia de sempre sucumbir diante de tudo e todos. Me dói por que ninguém fala sobre os olhares não vistos, dos sorrisos escondidos por que sempre tivemos medo demais que outras pessoas o vissem, que a pessoa que amamos visse.
Ninguém fala sobre os amores não correspondidos e em como isso é dilacerador e em como estilhaça de forma microscópica nosso âmago, e em como isso nos marca. Ninguém fala sobre as pessoas intensas e que nunca irão se tornar poesia nas palavras cheias de afeto de outras pessoas. Ninguém fala sobre as pessoas que não são escolhidas, acolhidas e amadas.
Se todos soubessem a dor que isso causa. Se todos soubessem como isso marca.
Eu nunca fui a poesia favorita de ninguém, eu nunca fui o desenho feito na calada da noite por que o que sentiam era tamanho que não era cabível dentro do peito, eu nunca fui a poesia de ninguém.
Todos deveriam falar sobre os amores não correspondidos e em como isso modifica nosso ser.