CONFISSÃO
CONFISSÃO
Não o busco, tampouco quero encontrá-lo.
Simplesmente existo carregando minha dualidade, oscilando entre o sublime e o bárbaro. Se sou imagem e semelhança, és imperfeito como eu. Peço não vir a mim, alterno-me entre céu e inferno na pequenez de atos, comportamentos e atitudes. Não sou misericordioso, justo, forte, estável, imutável, sou fruto de circunstâncias e opero por instintos de amor e ódio. Se precisar, firo, mato, torturo, escarro, todavia posso afagar, consolar e dar a mão. Não sou satanás ou santo, posso ser os dois, ambíguo. Antes de dar, prefiro receber e depois distribuir migalhas com avareza e usura. Invejo e rogo pragas e satisfaço-me com a desgraça quando atinjo alvos de minha malquerença. Não o amo nem odeio, para mim és indiferente, não faço a mínima importância de conhece-lo, pelo contrário, de ti quero distância. Não és a salvação de ninguém, és o infortúnio. Não és a verdade da vida, és a mentira que pregas sem parar, és uma farsa que escraviza e ilude trajetórias. Vade retro, demiurgo!!