Para Gustavo Fernando Veloso Menezes - R. Santana
Para Gustavo Fernando Veloso Menezes,
Estimado alitano:
Faz algum tempo que conheci a “professora Cláudia”, carinhosamente, tu a chamas de “Claudinha”, este diminutivo é um superlativo que expressa teu amor infinito pela mulher que tu escolhestes para ser mãe dos teus filhos e seqüência teus netos. Para nossa família, ela representa uma persona grata que apareceu num momento difícil para nos socorrer na morte prematura de nossa filha primogênita há anos de sofrimento e tristeza.
Não sei se esta carta servirá de estímulo para lhe dizer que representa um valioso fundador da Academia de Letras de Itabuna – ALITA, não por apadrinhamento, mas pelo que tem escrito e divulgado sobre o bairro itabunense de Ferradas. Hoje, Frei Ludovico de Livorno (1816), poder-se-ia dizer que ele foi o fundador de Ferradas, reconhecido pelo resultado de suas pesquisas e sistematização da História, antes de suas pesquisas, o Frei Ludovico tinha sido um religioso que havia passado naqueles confins de mundo, onde, também, nasceu Jorge Amado.
Quando lhe conheci com esse vozeirão, cismei por me chamar de “GIGANTE”, pensei com os meus botões: “esse cara é gozador, chama um nanico de gigante”, com o tempo, compreendi que seu coração é generoso, maior do que “Gustavão”, que avalia às pessoas não pelo físico, mas pelo caráter, pelo “bem-querer” e amizade sincera.
Invejo-lhe pelo sentimento de família que possui, tem medo de perder sua “Claudinha”, seus filhos e seus netos, porém “Gustavão”, é a lei da vida, lembre-se do sábio indiano:
“Morra o avô”, “morra o pai”, “morra o filho” , “morra o pai”, “morra o filho”. “O dono da casa perguntou”: “Mestre, isto é uma bênção?”, “O sábio respondeu: É uma bênção. Felizes dos que vão nesta ordem”.
Caro “Gustavão”, não conheço nenhum princípio filosófico da existência que possa ser substituído por esse pensamento indiano. Não tive essa sorte, como é sabido, perdi uma filha por morte de doença com 16 anos de idade, o tempo passa, mas a cicatriz não fecha.
Porém, não podemos nos queixar da vida, vivemos no “Mundo das Possibilidades”, tudo pode acontecer independente da nossa vontade, vejo o livre-arbítrio com reserva, nem sempre fazemos nosso destino, sou adepto de Zeca Pagodinho: “Deixa a vida me levar...”
Certa feita me pediu pra que lesse seu livro e fizesse uma avaliação, esse pedido muito me honrou, porém, “Gustavão” é um historiador de mancheia não precisa de auxílio de nenhum escritor, salvo, para apresentar ou introduzir sua obra histórica, acho que faz isso por humildade, porém, nem sempre a humildade ajuda, às vezes, tira nossa autoconfiança. Não sofro desse mal, quando escrevo, não sou imune à crítica, mas me importa que, eu escrevi de acordo minha consciência e ajuda de Deus. Não faz muito tempo, um “mestre” das letras criticou minha “crônica”, respondi-lhe: “com devida vênia, não é uma crônica é um conto, portanto, suas críticas não procedem”.
Ninguém é mais que você e/ou será se souber usar seu pensamento, lembre-se de Descartes: “cogito ergo sum”, tudo está na força do pensamento, se soubermos usar o pensamento não existirá dificuldade material ou intelectual, todos nós somos potencialmente iguais na capacidade de elaboração e realização.
Queremos mais o quê? Plantamos uma árvore, temos filhos e netos e escrevemos um livro, a vida nos proporcionou o que negou a muita gente, portanto, somos abençoados pela Providência de Deus.
Enfim “Gustavão”, não tenha medo daquilo que é irreversível, daquilo que não pudemos mudar no curso da nossa vida, tenha medo de não deixar exemplo para filhos e netos. “A palavra voa, a escrita fica e o exemplo permanece”, seremos avaliados pelo exemplo e você é exemplo de honradez, de generosidade, de justiça, de empatia, para sua família, para sua comunidade, para as letras itabunenses e para Academia de Letras de Itabuna.
Do seu amigo “Gigante”, que é seu admirador e de Claudinha, São Caetano, Itabuna (BA), 06 de dezembro de 2023, Rilvan Batista de Santana.
Rilvan Batista de Santana
Membro da Academia de Letras de Itabuna - ALITA