Mães de água

Um dia mamãe me falou.

-Sabia que eu te amo? - Eu fiquei sem graça, pois estava perdido na brisa de nosso quintal. Mas como sempre, a respondi com meu olhar de afeto. Mamãe sempre me abraçava, me beijava e me dava amor. Seu olhar que se enchia de brilho ao me ver tomado banho com os cabelos molhados, com seu óculos em meu rosto e rindo de alegria depois do almoço, mostrava o quanto eu era perfeito para ela. Via minha mãe nas noites de sábado e domingo, chorando e bebendo vagarosamente a cerveja que estava sobre a mesa. Não sabia se era por conta de meu pai ou das injustiças de sua vida. Mamãe chorava dolorido, lembrava de tanta coisa, guardava tanta coisa e arrumara tudo no outro dia. Eu nasci querendo ver minha mãe, cresci escondido entre suas pernas cheio de vergonha e cantei junto a ela em seu peito diversas noites em que brincávamos sozinhos em casa. Para mim oque me bastava era tê-la comigo em todos os meus dias. Meu conforto era nela e em mais ninguém. Queria ser como ela, mas só puxei o seu rosto e sua sensibilidade afetiva. Mamãe sempre falou para todos que eu era sensível, para me esconder de possíveis ataques. Minha mãe não pensou em tudo, mas o seu amor era o suficiente para nós dois. Eu agradeço tanto, por ter caído em seu ventre mãe.

Ágatha Ternurie
Enviado por Ágatha Ternurie em 12/11/2023
Reeditado em 26/04/2024
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