Carta de Amigo - ao grande Professor de Português

 

Querido professor Oswaldo, boa noite!

 

Estava aqui pensando naquela tarde de 1987 quando o senhor com o bento giz branco na lousa verde comunicava à classe sobre o falecimento de Drummond. 

E quando o senhor nos contou sobre Drummond me deu um aperto no peito e uma tristeza farta em tão breve momento, por não conhecer nada daquele que no verso branco e livre se encantou com a eternidade.

Professor Oswaldo, sua elegância ao colocar o avental branco mais nobre que já presenciei por onde passei. Sua forma de pregar as palavras com humor e deitar sobre a lousa a música de um bento giz. Mas ele só era bento nas suas mãos.

Nós, quando crianças somos argila, assim como Isaias disse, e professores como o senhor, nobre Oswaldo, que dão forma a essa argila de modo que todos nós, principalmente, quando crianças somos Obras dessas Mãos.

É daqui que lhe vai o que lá atrás me faltava muito. Poder entender para agradecer o que um professor como o senhor fez na minha vida. 

Hoje eu me encanto com as palavras, muito porque o senhor me deu uma chavinha dourada, o senhor deve ter ouvido aquela voz maravilhosa dizendo: " ... Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta, pobre ou terrível, que lhe deres: Trouxeste a chave?...". E foi essa chave dourada que o senhor me deu. Uma chave que se reproduz de coração para coração.

Saudades,