Eu, a Flor e o poetrix

Todos os dias, quando acordo no meio da noite, já sem sono, viro-me para a minha Flor e faço a seguinte pergunta: quem é o mais doido: eu, você ou o Poetrix?

Ela responde na lata: __ Você!

Bem, minha mãe certamente diria que é o Poetrix, coisa de mãe! Eu, como não poderia deixar de ser, concordaria plenamente com ela, mas respeito a opinião da minha Flor! Sem ela o Poetrix não existiria para mim - Musa é Musa.

"Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa". Como diria meu ilustre amigo: Barão.

O Poetrix entrou em minha vida, meio que atravessado, nem sequer pediu licença, invadiu os beirais, a cozinha e a sala de estar. Sem dó, nem piedade! De início pensei que fosse uma nuvem passageira. Só que o céu estava carregado, cheio de raios, chuvas e trovões. Uma loucura! Pensei: se tudo isso cair na minha cabeça, estou frito. Quiçá, morto! Não caiu... Mas o tempo ruim foi passando e eu me agarrei a ele como uma boia de salvação. Chegando à margem, do outro lado do rio, encontrei a poesia. De braços abertos, ela me disse: __ Venha! Fui, com a água até o pescoço: respirava-afundava-respirava... Ufa, que luta!

Preciso contar algumas coisas sobre a minha vida para que você me entenda de forma adequada e justa: quando pequeno, lá em Barbacena, durante a noite, eu jogava pedra para lua na esperança de que ela me devolvesse um monte de beijos, mas isto nunca aconteceu.

Já, naquela época, minha professora Rosa, pediu que eu lesse em voz alta "Versos Íntimos" de Augusto dos Anjos.

"A mão que afaga é a mesma que apedreja". Foi neste exato verso do poema que tomei o primeiro porre de poesia!!!

__ Minha loucura só estava começando!

Ser louco não é tudo que quero, na verdade, pretendo ser um poeta Grã-fino. Um fazedor de versos de ponta-cabeça.

A Musa eu já tenho, só me falta o verso. Mas isto é fácil, veja o que disse Mario Quintana: "Eles passarão... Eu passarinho!" Simples, né? Ela, Flor, eu passarinho!

Mas a minha Musa não pode me ver como um pássaro qualquer, tem que ser como um sabiá-laranjeira, cor de ferrugem brilhando no peito, com seu canto melodioso durante o período reprodutivo...

Nossa!!! Até eu fiquei encantado com esse clamor.

Fazia um bom tempo que não escrevia para a minha amada, mas hoje, o Céu de Brigadeiro me fez este delicioso convite. Não tive dúvida, danei a escrever: __ Fácil demais!

A inspiração correu solta em minhas veias, nem foi preciso muito pensar. As palavras afloraram sem que as regasse. Os sentimentos foram profundos e densos, um luxo!

Mas como falei do Poetrix, lá no início, agora preciso fazer uma homenagem para ela. Mas que seja como um espelho, onde ela possa se ver como Flor e Musa, tudo ao mesmo tempo.

Vamos lá... Um, dois, três:

Afeição

olhos alheios em viço

corpo pegando fogo - alastra.

boca ardente, beijo eterno

... E viva a poesia!!!

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 28/10/2023
Reeditado em 30/10/2023
Código do texto: T7919152
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