Carta 75 O caminho que me levou a você pela primeira vez

Diadema 5 de Outubro de 2023

Ola querida Kely, hoje oito dias após minha cirurgia resolvi dar uma volta, fui andar pelo caminho que um dia me levou a conhecer você, fui devagar, passei pelo primeiro ponto onde nós encontramos naquele fim de tarde de domingo de setembro do ano de 2001, a mais de vinte e três anos atrás, dentro de mim bateu a saudade, olhei para trás, lembrei-me do meu olhar lhe buscando distante, o coração foi acelerando pois quanto mais eu caminhava mais eu me lembrava de cada momento que nós vivemos juntos naquele pouco tempo, lembrei-me da sua voz e imaginei ela falando para sua irmã, "que rapaz bonito" e em meio a algumas palavras, você diz, "ele deve ser casado".

Me recordei da minha ansiedade para que a semana passasse rápido, e no final de semana seguinte lá estava eu na sua igreja, sentado ao lado de teu pai, também lembrei-me do lugar exato onde eu te disse palavras como, " e se eu ficar desempregado?" Pergunta que eu te fiz um dia enquanto nós falávamos dos planos para o futuro, e sua resposta, veio "a gente da um jeito".

Segui mais adiante, passei pela escola onde por vezes fui na porta da sua sala, pois minha alegria era mesmo após você ter me deixado, querer te ver, saber como você estava, ah quantas vezes isto aconteceu, descendo mais, passei pelo morro da subida do eldorado, onde eu algumas poucas vezes tive o prazer em subir de mãos dadas com você, até chegar em frente a sua casa, quantas lembranças boas daquela casa, sentado nas cadeiras de plástico brancas, ouvindo ao som de Lauriete, você alegre ensaiando com sua irmã.

Ao chegar na frente da igreja, mais abaixo da sua casa, me recordei de você passando em frente a ela e eu indo falar com você enquanto voltava do mercado, e daí foi quando eu tomei a coragem lá nos nossos primeiros olhares, e fui até o orelhão, aquele orelhão que tinha ali depois da igreja em frente à escola, liguei no 102 lista de telefone, e eu já tinha o muda sua casa da mesma avenida, consegui seu número, liguei e ouvi sua doce voz, assustada com a minha audácia em ir e conseguir o número dela, falamos por cinco minutos, uma eternidade que eu queria que não acabasse, ah se eu pudesse voltar naquele dia, e novamente escutar você

Prosseguindo meu percurso, entrei na rua ao lado da igreja Deus é Amor, a rua debaixo atrás da sua casa, ali algumas vezes passava e queria ver você nos fundos dela quando na se tinham casas altas ao ponto de impedir a visão, hoje não tem mais como ver, assim como a escada da rua que tem ali na subida, ali por vezes eu buscava sentar e olhar para baixo a observar você.

Hoje voltei para casa com tanta saudade, e muitas lembranças.

Enfim, vou terminar e apenas deixar aqui registrado, nestes versos que ficarão imortalizados,.o meu amor por você.

Um dia quem sabe leia todas elas as cartas para Kely.