Cartas para "Eu mesma", nº 2
Querida eu do presente.
Mulher, se oriente. Esse texto poderia ser um poema. Ainda estou me decidindo.
Como pode fazer calor de 40º lá fora, e um coração de -4º ai dentro? Ouvindo Celine Dion, Zé Ramalho. Não vá estragar tudo que eu estou lutando tanto para construir. Fique ai na sua neura ouvindo Chico. Você já viu que isso não funciona bem para você. E para a maioria das pessoas pelo visto.
O que acontece com as pessoas? Que pregam discursos sobre emancipação, empoderamento, autoconhecimento, e destroem o outro, escandalizam, magoam, como se isso fosse um nada!
Sei lá, acho que você escreve melhor do que eu. Você é mais melancólica. Eu sei que sou dura com você.
Mas como não ser dura, se você vive chorando escondida, vive para ser alguém que os outros querem que você seja, vive tentando agradar pessoas que nunca amaram nenhuma de nós?
Sabe, querida eu, quem nos amar, precisa amar nós duas. A mesma que milita, a mesma que é sensível, afinal somos uma só. Não temos que ser distantes e sinto muito estarmos tão afastadas.
Sinto muito as dores que te causo. Alguém tem que cuidar de nós duas...
Fica bem, menina...
Eu estarei sempre aqui lutando e tomando os tiros para te proteger.
(obs. eu ainda aposto que o mundo congelou, e não o seu coração.)