Escrevo, Carlos ...
Escrevo-che, Carlos, no meio das apertas leves
De cumprir promessas a vivos e mortos, ao morto,
Mas vivo, irmão que lá contigo, Carlos, estareis ...
Pessoa que nestes dias me ocupa, Viqueira,
Panenteísta? Mas agora prefiro deixar de lado
Essas incógnitas ou enigmas ou acaso segredos
Para me comunicar com a tua amada gente,
Com tua esposa Pia, com teus filhos, Xúlia ...
Que nestes momentos nos acompanham decerto
No meio e meio de conexões mistas: emoção,
Amor, lembranças, presenças, esquecimentos
e ausências. Mas ... sim, sim, mistério:
Por vezes conversamos suspensos arredor dele,
Do mistério que, incônscios, nos cinge quase sempre
Harmónico, melodia de divindade remota, mergulhos
Dos segredos que nem conhecemos nem ignoramos ...
E compreendi, contigo, que tudo, todo se torna
Carinho familiar, agarimo na amizade e para além
Abismo amável, vida em singeleza, sentimento em paz ...