Ah, Carlos!
Ah, Carlos, amigo, irmão! Quantas mensagens tecemos
ao longo dos anos, dos silêncios, das lembranças:
Hoje, por fim, já foste lá, ao Pai Universo, já és Nova
Estrela no céu da fé e da brilhante obscuridade
que envolve os corpos e por vezes as almas ...
Confidencio-me:
Seica houve um projeto no presente fracassado
de me lançar à luz eterna, grátis total, mas,
trás passar sombra sem sombra, aquele projeto
(que pôde ser) ficou nas "urgências" hospitalares
envolvido em afetos e palavras a sararem-me.
Eu ainda ando pela Galiza, Terra tua amada.
Tu certo contemplas em proximidade incerta
os meus passos, os passos de todos nós, de todas
as pessoas que no tempo ainda estamos, mas fomos
irmãs a tecerem obra e falas e hoje, chi lo sà!,
somos ainda mais irmãs, mais tecedoras,
cá e lá,
de futuros verdadeiros, verificáveis,
Carlos, amigo ... irmão!