NÃO, NÃO ESTÁ TUDO BEM (NÃO AGORA)
Naquele outubro, dois anos atrás, confesso que cheguei a pensar que você estivesse interessado em mim, parecia estar rolando alguma coisa, havia certo clima entre nós. Isso, na minha mentezinha sonhadora e romântica, porque na sua, nada nem parecido passou.
Burrice? Talvez. Agora, me diga: o que mais eu poderia pensar, diante do seu convite pra conhecer sua casa? Que se tratava de um convite pra conhecer sua casa, claro (eu tenho a resposta). Bastou esse convite pra eu fuçar o mais profundo as memórias do passado e acreditar que aquilo que a gente não viveu, agora, sim, seria pleno.
E passei a ser levada pela infeliz ilusão de que ali, naquele “reencontro”, depois de tanto tempo, o negócio ia pra frente, já que sua condição era outra, enfim. Nem foi.
E, me diga, então, por que se fazer presente no meu aniversário, nas festas de fim de ano, e em outras datas marcadas no calendário da minha existência, que me fizeram acreditar que havíamos passado juntos todos esses momentos? O que foi tudo isso? Resposta: sua presença no meu aniversário, nas festas de fim de ano e em outras datas etecetera etecetera e tal. E só. Nada, além disso. Por algum motivo você quis dividir espaço e tempo comigo, e pronto. Era pra satisfazer necessidades suas, não por querer estar comigo. E está tudo bem.
Não vou nem considerar as tantas vezes que você sumiu e, depois, apareceu, do nada; o dia em que me trouxe chocolate e deixou no portão, porque eu não estava em casa; o dia em que me acompanhou a uma festa que parecia nem ser seu estilo; o dia em que veio para o abraço pelo meu aniversário e pela posse no concurso; e todos os dias que celebrou comigo minhas conquistas. Isso tudo não justificaria eu pensar que você tivesse qualquer interesse por mim, que não fosse essa “amizade” que, enfim, só atrapalha minha vida.
Já senti ódio por ter me deixado esperar tanto tempo, e você sabe disso, uma espera insana, por alguém que sequer lembra que eu existo (a não ser quando convém?). Uma espera que certamente me impediu de enxergar possibilidades de ser feliz em um relacionamento.
Você não tem culpa. Nesse momento, posso até imaginar o que está pensando de mim, rs. Eu é que preciso amadurecer, deixar de alimentar expectativas em relação a tipos como você, que diz “não sei o que eu quero, mas sei o que eu não quero” (acho que é assim, né?).
O que me deixa mais confusa é o fato de você se revelar o cuidadoso, o atencioso, o exageradamente gentil, sem que isso signifique nada que não seja “o fato de você se revelar o cuidadoso, o atencioso, o exageradamente gentil”.
Eita confusão doida essa que eu criei!
Criei porque quis, afinal, por mais de uma vez você disse com todas as letras, “somos amigos”. E isso sim, é real, eu quase posso tocar. O resto, eu inventei, pra enganar meu coração e sobreviver às minhas faltas. Já deu.
Feliz aniversário!