CARTA AOS CÉUS
Mãe,
Tomada de saudade te escrevo esta singela cartinha, escrita do meu próprio punho, borrifada pelas lágrimas que teimam em cair sobre a folha rabiscada, com pequeninas letras, ora, bem desenhadas, ora, mal traçadas, carregadas de pura emoção. Muito difícil colocar na folha em branco, sobre linhas retas, bonitos e amorosos sentimentos, que nascem do mais profundo âmago do meu existir. Naquele dia, na triste e obscura noite, eu ali sentada, na sala de espera, sozinha, com o coração dilacerado, a flor-amarela na mão, na espera do nosso adeus. Quão inútil eu me senti, sem nada dizer diante da dolorosa despedida. Silenciosa, permaneci cabisbaixa, comovida, despedaçada, entalada de sentimentos não ditos de mim para ti e nem ouvidos de ti para mim. Ficaram nas entrelinhas, nas incógnitas, nas palavras inacabadas, emudecidas no decorrer do tempo e da vida. Hoje, após anos, ao ouvir da minha velha janela, o canto do passarinho, ver a deslumbrante rosa-branca no jardim e a linda borboleta pousar no cacto florido, lembrei-me novamente de ti e resolvi escrever esta saudosa missiva. No cantinho do papel, desenhei o teu coração bem juntinho do meu, pintei de vermelho vivo, tal qual, o meu imenso amor. Rabisquei o teu nome coladinho no meu, roguei aos céus, na certeza do reencontro.
Saudades sem fim,
Bella