Acolhido pelas trevas

O que vou dizer aqui é um pouco parecido com o intitulado "Assunto delicado"

Ouvindo a música “Deixa eu viver mais” do Glória, tem uma parte do refrão que diz: “Espero o dia clarear”.

Isso me fez pensar na questão de como a sociedade humana traça significados pra coisas claras e escuras.

A relação que fazem colocando no “claro” como o bem, o feliz, o certo, o animado, a energia…

E colocando o “escuro” como o mau, o triste, o errado, o desanimado, o cansaço.

E não me entenda mal, eu não estou falando de cor de pele.

Estou falando de luz e trevas mesmo.

Dias ensolarados e quentes vs nublados e chuvosos.

E comecei a pensar nisso por conta da minha paixão justamente pelo que maioria da sociedade considera “errado”.

As trevas, a falta de luz, os dias nublados, o fim, a morte, o não perdão, o ódio, a reclusão, o silêncio…

Eu tenho uma visão totalmente diferente de cada uma dessas coisas em relação aos outros.

Eu não me sinto triste em um dia de chuva… em um dia nublado.

Eu me sinto muito mais feliz e confortável do em um dia ensolarado.

O sol me dá alergia. E nem estou falando figurativamente.

O calor em si não age muito bem no meu corpo e mente.

E nem precisa ser muito quente.

A luz irrita facilmente meus olhos.

Qualquer luz.

Faróis, a luz do sol, uma lâmpada muito forte, um monitor ou TV com brilho acima da média.

Nunca tive boas experiências em perdoar.

Bem como não tenho boas experiências em esquecer.

Eu sei que dizem que perdoar não é esquecer, mas eu discordo bastante dessa afirmação.

Eu acredito SIM que essas duas coisas andam juntas um pouco.

Uma vez que algo ruim aconteceu, não é possível que você não fique receoso em relação àquilo dali pra frente.

Ainda mais se for algo que foi feito propositalmente… ciente.

Eu não temo a morte e o fim.

Sendo sincero até os almejo de alguma forma.

Mas como metade das coisas na minha vida, eu não busco agir em prol.

Sei que pode acontecer a qualquer momento, de N formas, mas não as provoco.

Porém, não as temo.

Sentir ódio muito me ajudou até aqui.

Pra quem já assistiu/leu Naruto deve se lembrar da Cachoeira da Verdade.

É basicamente aquilo.

Certos sentimentos “ruins” podem nos ajudar em muitos aspectos se direcionarmos eles da forma correta.

Eu tenho muito a tendência de entender o lado dos outros.

De justificar as ações delas sobre mim e com isso aceitar o que me atinge e acabar ficando de “vilão”.

O ódio sempre me ajudou a olhar de um ângulo diferente as coisas

Sempre em prol do meu próprio bem estar.

No fim, pensando bem, eu sei exatamente o por quê de gostar tanto do “errado”…

Das trevas:

Na maioria das vezes na minha vida, as coisas boas e confortáveis pra mim só aconteciam nas trevas

No escuro

Na chuva

Na reclusão

Sentindo ódio

Sentindo frio

Tudo que era claro, quente, cheio, “feliz” e ensolarado…

Ou me trazia algum desconforto

Ou alguma dor.

Eu sempre tive as experiências contrárias a da maiorias das pessoas que conheço.

O meu corpo sempre teve as experiências contrárias.

As vezes ainda tenho

Em partes pelo desconforto das pessoas ainda quererem que eu prove e aceite a luz como a verdadeira felicidade.

Quando na verdade essa insistência é que faz eu me afastar ainda mais de aceitar reexperimentar tudo isso.

Sinceramente não sei como terminar esse texto.

Apenas comecei a digitar porque queria expor as ideias.

Eu nunca tive dúvidas dos motivos d’eu gostar das coisas que gosto.

Se fosse apenas a estranheza das pessoas em relação a esses pontos estaria tudo bem.

Acho até que natural.

Mas MUITO me incomoda a insistência de alguns em querer que eu faça parte do “lado” deles.

Muitas vezes como se isso fosse “O certo” e pronto.

Como se você precisasse ser, de alguma forma, “salvo”.

Enfim…

Me desculpem os que gostam de belos términos de textos

Mas dessa vez… é só isso mesmo

Raymond Scott Freeman
Enviado por Raymond Scott Freeman em 14/09/2023
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